O ebo ori é uma oferenda (ebo) à OlodumareT'Obatalahnomes de Deus - Ligado ao nosso destino) através de èsu (Bara - O senhor do corpo), é como uma mensagem codificada onde cada elemento tem um significado lógico, os principais orisá reverenciados no culto a Ori são: Ori (eledá - seu Deus pessoal e Èsu.
É feito de acordo com a necessidade de cada ori.
Na mitologia iorubá, o culto a Olodumare é feito através do nosso ori, segundo Altair T'Ogun (Orun ayé - Editora Bertrand), O culto (igba-cultuar) à divindade suprema era feito através de uma pedra untada de ori (limo da costa), untada com efun (giz branco) salpicada de gotas d'água, por cima se encontrava um obi abatá partido em quatro onde se sacrificavam galinhas diariamente, para pedir por toda a comunidade (mundial?). Assim ainda é feito (nos dias de hoje) no nosso ori através do ebo ori, um assentamento de Deus (o nosso deus pessoal, a centelha divina desprendida da força da criação) em nós.
Esta oferenda nos é passado por Orunmilá, através de ifá, que indica um Odu.
O que é Odu?
Segundo Oso Luis Carlos de Oosalá, Odu é a marca que Orunmilá, a testemunha do destino para lembrar a nossa missão nesta terra, e quais foram os elementos utilizados na confecção do nosso ori, por Baba Ajalá ou seja: Segundo os itón ifá (lendas) quando Babá Ajalá moldava o nosso ori, antes de reencarnarmos, ele utilizava elementos para nos ajudar na missão (Odu) qual nos comprometemos com Olorun e com Onibode Orun (Ogun, o porteiro do céu), ao moldar o ori ele colocava os elementos (Terra-Erupé, Fogo-Inón, Água-Omi e Ar-Ategun) e assim Orunmilá ía escrevendo no seu tabuleiro.
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| Terra - Erupé | Fogo - Inón | | Água - Omi | | Ar - Atégun
A partir daí formavam-se 17 odus mais velhos, e 256 omo odus.
Ao recorrer a Orunmilá, ele nos indica quais os elementos a utilizar, para sanar os nossos problemas.
Quando o Ori se encontra enfraquecido devido aos ewó (proibições, mais conhecidas como kijila [quizila] termo bantu) Orunmilá nos indica o remédio para revigorar o àse (energia positiva) do ori, e o remédio é através do elemento da matéria inicial.
Elementos Utilizados no Ebori
Obi
A primeira oferenda a Imole (Deus).
Este é a nossa santa ceia espiritual, é o pacto com Deus através do nosso Ori.
Obi foi um homem e passava por situação ruim, Esu pediu que Olofin o visitasse, e ao entrar em sua casa com roupas de mendigo, foi bem atendido por obi. Logo Olofin se revelou e deu o dom de predizer o destino dos seres humanos. Passado o tempo, Esu foi visitar Obi e descobriu que o orgulho e vaidade haviam tomado conta de Obi. Olofin foi a casa de Obi e logo confirmou o que Esu disse, Obi não atendia a pobres e negros. Obi não atendeu Olofin mal vestido, que logo se revelou, e rogou a Obi:
-Serás negro por fora e branco por dentro, às vezes verde, Viverás no alto das árvores para aprender que por mais alto que se possa subir, também será alta a caída, e servirás a todos quando precisarem de Olofin, negros, brancos, amarelos, ricos, pobres, idosos ou crianças, que se lembrarão de você quando precisarem de Olofin.
Esta é a benção (ou praga) de Olofin, sempre que quisermos fazer este pacto com Olofin, devemos nos libertar do orgulho, da vaidade, dos julgamentos e preconceitos, para que ele resida nos nossos ori.
O obi é um pacto com a vida, O obi prooporciona força e vida longa. Foi trazido para o Brasil pois na longa travessia do Atlântico que durava meses, os escravos ficavam sem alimento e chegavam nas terras brasileiras mortos e doentes. Quando se alimentavam de um obi por dia, aquilo os mantinha saudáveis até seu destino final.
É proibição de Sangó, pois este tem energia oriunda da morte.
Orogbó
É um pacto com a nossa ancestralidade, com a morte e os ancestrais divinizados, é pois, um símbolo de riqueza para Eègungun.
É um alimento de Imole, garante a saúde e força do ser.
Aarùn Karùn Ki I Wo Inu Órógbó - A doença nunca entra em orobô.
É proibição de Òsun.
Água - Omi
É o símbolo de fertilidade feminina, aliás fertilidade da grande mãe terra também, poi é a a chuva que abençoa a plantação, a vida, e alimento.
A água é o sêmen feminino.
É o que garante calma e harmonia. É elemento apaziguador das Iyaba, principalmente Ìyàmi.
Omi ìmonlè másé mi Espírito da água não me faça mal
Omi tutu, omi Onòn tutu A água refresca, a água refresca os caminhos
Omi Oko tutu, Omi ìyè tutu Água refresca a lavoura, água refresca a vida
Omi ìmonlè másé mi Espírito da água não me faça mal
Otin - vodka, gim
Simboliza a força masculina, o sêmen masculino,
É utilizado para restituir o àse das divindades masculinas, eègungun, e transformar, purificar objetos, despertar orisá masculino no seu igbá.
Epo pupa - dendê
É elemento apaziguador, acalma, representa a fertilidade feminina, o sangue menstrual e poder gerador das Ìyà, é a força dos nossos descendentes. Simplificando é o sangue vermelho no reino vegetal.
Òyin - Mel
Elemento de riqueza, beleza e doçura. É o sangue das flores colhido pelas abelhas atravé de união e hierarquia.
Óri - Limo da costa
Tempera e acalma. É elemento branco.
Efun - Giz branco
Representa a serenidade do amanhecer e a relação do homem com a terra. É um dos símbolos do céu, calma, tranquilidade e do ar.
Osún - Pó vermelho
Representa a fecundidade e descendência.
Wáji, èèdu - Pó azul
Wáji representa os ancestrais ligados à noite (e ao sangue preto), representa o carvão que simboliza o elemento fogo.
Estes pós são a restituição do àse no ori, que possui três cores (branco, vermelho e preto), também simbolizam os quatro elementos, que são quatro partes do ori e do mundo.
Leste - Fogo - Frente
Norte - Terra - Lado esquerdo
Oeste - Água - Nuca
Sul - Ar - Lado direito
Centro - Àse - Centro do Ori
Animais
A quantidade de animais depende da necessidade do Ori, e só Orunmilá pode nos aconselhar o melhor ebo ori.
Ejá - Peixe
Simboliza a abundância, tranquilidade, e fertilidade.
Eiyelé - Pombo
Simboliza a honra, dinheiro, sorte, equilíbrio, proteção.
Adié - galinha
Prosperidade, casamento, filhos.
Etu - Galinha d'angola
Vida, prosperidade.
Akuko - galo
Prosperidade, vitória, Tira maldições.
Igbín - Caramujo branco
Placidez, apaziguamento, fortalecimento.
Owo eyo - Búzios
Dinheiro, riqueza, representa a relação do ancestral com o descendente.
Owo - moedas
Simbolizam o dinheiro atual, a relação do descendente com o ancestral.
Frutas
Simbolizam a vida e prosperidade.
este blogger existe para auxiliar as pessoas sobre a religião candomblé.De modo que estamos aqui para esclarecer as duvidas sem mistério e com honestidade religiosa.Para quem estiver enterecado em entra encontato meu email e deco6pimenta@hotmail.com (71)85066547
quinta-feira, 9 de abril de 2015
quarta-feira, 8 de abril de 2015
Ebós de Odú
EBÓS D' ODÚ
EBÓ DE OKANRAN MEJI:
Um peixe fresco,Um carretel de linha branca, um de linha vermelha e um de linha preta;
um punhado de cinzas de carvão, um charuto, um obi, uma cachaça, ½ dendê, ½ mel e
um akunko(Galo) preto.
Passa-se tudo no corpo e arruma-se dentro de um alguidar. As linhas são desenroladas passando sobre os ombros da pessoa, de trás para frente e vão sendo jogadas dentro do alguidar. Sacrifica-se o akunko para Egun e coloca-se dentro do alguidar.
Cobre-se tudo com epô, oti mel, espalha-se as cinzas por cima e despacha-se numa estrada de movimento.
EBÓ DE EJIOKO
Um akunko, duas penas de papagaio, dois aros de ferro, dois obís, duas favas de ataré, dendê, mel, oti e pó de efun. Passa-se o akunko no cliente e sacrifica-se para Exú. Arruma-se tudo dentro de um alguidar e deixa-se diante de Exú de um dia para o outro. As penas e os aros de ferro ficam no Exú, o resto é despachado no lugar indicado pelo jogo.
EBÓ DE ETAOGUNDÁ
Um akunko; um peixe fresco; um pedaço de carne bovina; oti; epô pupá; mel; um pano preto. Passa-se tudo no corpo do cliente, sacrifica-se o akunko para Exú; embrulha-se tudo no pano e despacha-se no lugar determinado pelo jogo.
EBÓ DE IROSUN MEJI
Quatro omo adie ou akunko kekere, um flecha, um bastão de madeira, quatro tipos diferentes de cereais torrados. Passa-se tudo no corpo do cliente e coloca-se o bastão e a flecha nos pés de Exú e os cereais dentro de um alguidar. Sacrificam-se os omo adie para Exú e colocam-se dentro do alguidar, por cima dos cereais. Despacha-se em água corrente. (A flecha e o bastão ficam para sempre com Exú).
EBÓ DE OXE MEJI
Um peixe vermelho, cinco búzios, cinco ovos, cinco obís, cinco folhas de akokô, uma cabaça e areia de rio. Corta-se a cabaça no sentido horizontal e coloca-se areia de rio dentro. Passa-se o peixe na pessoa e arruma-se dentro da cabaça, sobre a areia. Passam-se os demais ingredientes e vai-se arrumando em volta do peixe, dentro da cabaça. (Os ovos são crus e não podem ser quebrados). Tampa-se a cabaça com sua parte superior e embrulha-se com um pano colorido. Pendura-se o embrulho no galho de uma árvore na beira de um rio.
EBÓ DE OBARA MEJI
Um akunko, uma adie, seis abaninhos de palha, seis obís, seis acaçás, um pedaço de corda do tamanho da pessoa, um alguidar grande, mel, oti, epô, seis velas. Passa-se tudo na pessoa e sacrificam-se para Exú. Colocam-se tudo dentro do alguidar (o akunko por cima da adie), arruma-se as demais coisas em volta e a corda ao redor de tudo (dentro do alguidar). Cobre-se com mel, epô e oti e acendesse as velas em volta. Este ebó tem que ser feito e arriado nos pés de uma palmeira.
EBÓ DE ODI MEJI
Uma adie carijó, sete espigas de milho verde, sete tipos diferentes de cereais torrados, sete chaves, sete moedas e sete pedaços de rapadura.
Passa-se tudo na pessoa e arruma-se dentro de uma panela ou alguidar de barro. Sacrifica-se a adie em cima do ebó e coloca-se o seu corpo sobre ele. Despacha-se num caminho de subida (no início da subida).
EBÓ DE EJIONILE
Uma adié branca, uma vara de madeira do tamanho da pessoa, canjica cozida, oito ovos crus, um pedaço de pano branco, oito acaçás, oito búzios, algodão em rama e um alguidar. Passa-se tudo no corpo do cliente e arruma-se no alguidar que já foi anteriormente forrado com algodão. Amarra-se o pano na vara de madeira que deve ser fincada no solo como uma bandeira. Arreia-se o alguidar com o ebó na frente da bandeira. Passa-se a adie no cliente, com muito cuidado para não machucá-la, apresenta-se a Exú e solta-se com vida. Este ebó é para ser feito num lugar bem alto, de frente para o local onde nasce o Sol, de manhã bem cedo.
EBÓ DE OSÁ MEJI
Um akunko, nove agulhas, nove taliscas de dendezeiro, nove bolos de farinha, nove cabacinhas pequeninas, nove acaçás, nove grãos de ataré, nove moedas, nove penas de ekodidé, algodão, pó de efun e um alguidar. Sacrifica-se o akunko para Exú e coloca-se dentro do alguidar. Arruma-se tudo em volta do akunko. Nas pontas das taliscas de dendezeiro, enrola-se um pouco de algodão como se fosse um cotonete. Molha-se o algodão enrolado nas taliscas, no ejé do akunko e depois passa-se no pó de efun. As taliscas e as penas de ekodidé não vão dentro do alguidar, devem ser espetadas no chão, formando um círculo ao redor do mesmo, no local em que for despachado. Neste ebó não se passa nada no corpo do cliente. Despachar na beira da praia sem acender velas. Na volta, todas as pessoas que participaram têm que tomar banho de folhas de elevante e defumar-se com pó de canela.
EBÓ DE OFUN MEJI
Uma tigela branca grande, canjica, uma toalha branca, dez velas brancas, dez acaçás, um obi de quatro gomos, água de flor de laranjeira, pó de efun, algodão em rama e um igbín vivo. Leva-se tudo ao alto de uma montanha e ali, embaixo de uma árvore bem copada, faz-se o seguinte: Primeiro reza-se a saudação de Ofun Meji, depois, forra-se o chão com a toalha branca; no meio da toalha, coloca-se a tigela com a canjica, coloca-se os quatro gomos do obi sobre a canjica, um de cada lado; coloca-se os dez acaçás em volta da tigela; em cada acaçá espeta-se uma vela, cobre-se a tigela com o algodão, derrama-se sobre ele a água de flor de laranjeira e cobre-se com o pó de efun. Passa-se o igbín na pessoa e manda-se que ela o coloque, com suas próprias mãos sobre a tigela. Derrama-se um pouco de água de flor de laranjeira sobre o igbín que deverá permanecer vivo. Só então acende-se as velas e faz-se os pedidos. A cada pedido formulado diz-se: “Hekpa Babá”. Na volta para casa deve-se falar o mínimo necessário e, a pessoa que passou pelo ebó tem que guardar resguardo de dez dias e vestir-se de branco durante o mesmo período.
EBÓ DE OWÓNRIN MEJI
Dois obís, duas solas de sapatos velhos (da própria pessoa), dois bonequinhos de pano, dois pedaços de pano, sendo um branco e um amarelo, uma casinha de cera, duas pencas de bananas, dois saquinhos de confete, e um akunko para Exú. A roupa que a pessoa estiver vestindo na hora do ebó, tem que sair no carrego, que será despachado nos pés de uma árvore frondosa. Feito o ebó, o cliente se vestirá de branco por dois dias.
EBÓ DE EJILA XEBORA
Um akunko, dois irelês, doze folhas de babosa, doze pedacinhos de ori-da-costa, doze pedaços de coco seco, doze grãos de ataré, um alguidar, doze folhas de mamona, doze búzios, um charuto de boa qualidade, dendê, mel, oti, pó de peixe defumado, pó de ekú defumado, doze grãos de lelekun e pó de efun.
Sacrifica-se o akunko para Exú e coloca-se dentro do alguidar. Passa-se no corpo do cliente e vai-se arrumando no alguidar, em volta do akunko, as folhas de babosa e os búzios. Rega-se com mel, oti e dendê, cobre-se com pó de peixe e pó de ekú. Pega-se as folhas de mamona e, sobre cada uma delas coloca-se um pedaço de coco, em cima de cada pedaço de coco um pedacinho de ori, um grão de ataré e um de lelekun e com isto se faz doze trouxinhas. Passam-se as trouxinhas no cliente e vai-se arrumando no alguidar. Por fim, passa-se os Irelês e solta-se com vida. O ebó é arriado dentro de uma mata e o charuto, depois de aceso, é colocado em cima de tudo.
EBÓ DE EJIOLOGBON
Um peixe fresco, 13 pãezinhos, um alguidar, um pedaço de pano preto, um pedaço de pano branco, pó de peixe e de ekú defumado, dendê, mel e vinho tinto. Passa-se o peixe na pessoa e coloca-se dentro do alguidar, passa-se os pães na pessoa e arruma-se em volta do peixe. Rega-se tudo com mel, dendê e vinho. Salpica-se os pós sobre tudo. Passa-se o pano preto nas costas da pessoa e coloca-se dentro do alguidar. Passa-se o pano branco na frente e com ele embrulha-se o alguidar. Despacha-se nas águas de um rio ou de uma lagoa.
EBÓ DE IKÁ MEJI
Um akunko, duas quartinhas com água, 14 grãos de milho, 14 grãos de ataré, 14 favas de bejerekun, 14 grãos de lelekun, um alguidar, um pano branco, 14 moedas, uma mecha de pavio de lamparina, um obi, um orógbó, 14 ovos e 14 acaçás.
Enchem-se as quartinhas com água de poço, sacrifica-se o akunko para Exú e arruma-se no alguidar. Passa-se os demais ingredientes na pessoa e vai-se arrumando dentro do alguidar, (os ovos são quebrados). Derrama-se a água das quartinhas, uma sobre o ebó e a outra na terra. Despacha-se em água corrente. (As quartinhas não precisam ser despachadas).
EBO DE OGBEOGUNDA
Um alguidar cheio de pipoca, dentro do qual se sacrifica um akunko branco. No mesmo alguidar coloca-se: Um orógbó, um obi, uma fava de ataré, mel, dendê, vinho branco, uma faquinha pequena, um caco de louça, uma pedra de rua, uma pedra de rio, uma pedra do mar e um bonequinho. Arreia-se tudo num caminho de terra que saia num rio. Não se passa nada no corpo do cliente e é ele quem deve arriar o ebó e fazer os pedidos enquanto acende 14 velas ao redor. (Os pedidos são feitos a Exú).
EBÓ DE EJIGBE OU ALÁFIA
Um peixe pargo, um prato branco fundo, um obi branco de quatro gomos, canjica, 16 moedas, 16 búzios, efun e mel de abelhas. Passa-se o peixe no corpo do cliente e coloca-se no prato onde já se colocou a canjica. Arrumam-se as moedas e os búzios em volta. Abre-se o obi e coloca-se um pedaço em cada lado. Rega-se tudo com mel de abelhas e cobre-se com pó de efun. Entregar num local com bastante sombra, dentro de uma mata. Resguardo de 24 horas.
EJIONILE
8 búzios abertos Responde: OSOGUIAN
EJIONILE
1º) OLANFIM
Ebó
8 palmos de morim
89 bolas de arroz e 8 de inhame
8 moedas brancas
8 ovos
8 folhas de colônia
8 acaçás
Procedimento: passar tudo na pessoa e fazer uma trouxa com tudo dentro após passar na pessoa. Colocar no mato.
2º) ODOLUÁ
Ebó
1 cabaça
5 cabacinha
8 varas de atori de algodão
8 moedas
8 cavalos-marinhos
8 acaçás
8 bolas de inhame
Um punhado de ebô (canjica)
Areia do mar
Água do mar
Procedimento: fazer uma estrela desenhada no chão: colocar “no centro a cabaça grande aberta, colocar tudo dentro e as 8 cabacinha em volta: encher com água do mar. No desenho no chão cobri-lo com areia do mar também.
3º) KUDIRÉ
Ebó
1 mt morim branco
1 ebô
1 tijela de arroz
1 inhame – acará cozido
8 acaçás
8 moedas
1 prato branco
1 pedaço de cristal de rocha
Procedimento: passar na pessoa o ebô, o arroz, e limpá-la bem com o morim. Em seguida, coloque no prato o inhame cozido amasiado, coloque os 8 acaçás em volta do inhame e a pedra de cristal cravada no inhame. Colocar em uma cachoeira quando o sol estiver se pondo, seja, vem à tardinha. Pedir tudo ao ODÚ.
4º) SAGRIN
Ebó
8 pombos brancos (erelé)
8 moedas
8 gemas de ovo
8 folhas de peregun
Procedimento: colocar nas mãos da pessoa uma gema, em cada mão espalmada. Passar de cada vez os 2 pombos e soltá-los. 2 moedas e jogá-las. 2 folhas de peregun (bata no corpo) e jogar, e as duas gemas que estão nas mão jogue-as também. Renove tudo outra vez até completar tudo, ou seja, 4 vezes.
Limpe as mãos e venha embora. NO MATO.
5º) EBUIM
Ebó
1 bacia de ágata
8 pedras brancas
8 búzios
8 moedas
1 estrela-do-mar
8 conchas
8 peixinhos do rio
Água limpa
Procedimento: deixar em casa em lugar alto (acima da cabeça), durante 8 dias, a contar de um Sábado. Findos os oito dias, levar tudo a uma cachoeira de água limpa e lançar tudo nas águas. Acender uma vela de cera e pedir tudo que desejar ao ODÚ.
6º) SAMANDI
Ebó
1 tigela branca
9 argolas brancas
9 acaçás
9 ovos cozidos
1 obi
9 folhas de loros
9 bolas de arroz
1 ebô
9 velas
Mel – azeite doce
Procedimento: arrumar tudo na tijela, levar em uma praça pública que tenha jardim. Acender as 9 velas em volta.
7º) ODÃ
Ebó
1 inhame do norte cozido
9 folhas de mamona
9 ovos
9 acaçás
9 ekurus
1 farofa de dendê
1 frango branco
1 mt de morim vermelho
Mel
Azeite doce
Azeite de dendê
Procedimento: amassar o inhame cozido, misturar com azeite doce e de dendê; colocar as 9 folhas de mamona no chão, colocar nelas um pouco de farofa em cada uma, 1 ovo em cada uma, 1 acaçá em cada uma, 1 ekuru em cada uma. As folhas são colocadas em formam de ferradura e a pessoa fica dentro dela, ou seja, dentro do círculo; embrulha as folhas, vai passando nas pessoas e colocando no morim. O frango é também passado na pessoa e despachado tudo; o frango vivo e o embrulho no morim do ODÚ. Tudo isto vai para o MATO, beira do rio!
8º) LEJÓ
Ebó
1 abóbora de pescoço
9 obesa
9 orobôs
1 imã
1 ferradura
9 búzios
9 conchas
9 acaçás
Mel
Ebô (canjica)
Procedimento: abrir a abóbora ao meio no sentido horizontal: colocar nela tudo arrumado: jogar por cima mel.
NOTA: despachar em um jardim com uma vela acesa.
9º) OGBO
Ebó
1 pombo branco
1 igbin branco
1 obi
1 orobô
Procedimento: levar a pessoa no mar em noite de lua cheia: olhar o mar e a lua levando o obi e o orobô em cada mão; passa-o no corpo e joga-os nas águas do mar. O igbin e o pombo mostra-os a lua e solta o pombo para o ar e o igbin nas águas.
Diga para a lua e para o mar que o que você está entregando possa lhe trazer tudo de bom e progresso.
10º) NEKERENDE
Ebó
1 cesto
9 espelhos
9 bolas de arroz
9 espigas de milho
9 acaçás
1 kg de uva branca
9 pêras
9 maçãs
1 ebô
Deburu
9 pentes
9 rosas brancas
8 obis
Mel
1 mt morim branco
Procedimento: arrumar tudo dentro do cesto, levar em uma beira de cachoeira, colocar a toalha no chão e arriar o balaio. Oferecer ao ODÚ ASSA NEKERENDE MEJI. Pedir o que desejar.
11º) NISSEIÓ
Ebó
1 rã
1 búzio
1 concha
1 vintém
1 acaçá
9 ovos cozidos
Procedimento: levar a pessoa na beira de uma lagoa, conversar com a rã pedir tudo que precisa, solta na água, passa tudo no corpo, o búzio, o concha, o vintém, o acaçá e os ovos, coloque na beira da lagoa e peça tudo que desejar.
12º) MONEANJI
Ebó
1 alguidá 7 bonecas de pano
7 fios de palha da costa
13 ekidis
13 vinténs
13 acarajés
13 ekurus
13 obis
13 orobôs
Procedimento: amarrar cada boneca com 1 fio de palha da costa e 1 obi e 1 orobô: colocar em pé na borda do alguidá. Arrumar o restante e oferecer ao ODÚ MONEANJI ODILOBÃ em uma cachoeira.
13º) TAPILEKUN
Ebó
1 saco de morim branco
13 varinhas atore de amora
13 moedas
13 búzios
13 acaçás
1 orobô
13 espigas de milho
7 folhas de mostarda
13 ekidis
ebô
Deburu
7 mts de fita nas cores: branca e roxa (com 1 mt cada0.
Procedimento; passar tudo na pessoa, amarrar as varas atoris com as fitas enfeitando-as; amarrar a boca do saco, atravessando as varinhas na boca do saco, levar e oferecer a EJIOLOBANTAPILEKUN na beira da lagoa. Acender 1 vela.
14º) ONIA
Ebó
1 frango branco
Ebô (canjica)
1 deburu
1 mt morim vermelho
9 côcos
9 acaçás
9 velas
9 bolas de farinha e 9 de arroz
Procedimento: passar o frango na pessoa e soltá-lo no mato. Arriar no mesmo local o pano. Os 9 côcos abertos e dentro deles colocar um acaçá, 1 bola de arroz. 1 farinha, o deburu e o ebô. Acenda as 9 velas e enfeite e obrigação e venha embora.
15º) OBAKARÓ
Ebó
1 gamela
1 ebô
9 búzios
9 conchas
Milho cozido
9 imãs
9 moedas
9 fitas com 9 cores
Mel
Procedimento: arrumar tudo dentro da gamela, enfeitar com as fitas e oferecer no alto de uma árvore na cachoeira.
16º) BONIATÁ
Ebó
1 cesto
1 abacaxi
14 bananas da terra
14 acaçás
14 frutas-de-conde
folhas de melão de São Caetano
1 melão
1 mamão
14 ovos cozidos
Uvas moscatel e branca
14 mts de fita nas cores
Procedimento: forrar o cesto com as folhas do melão de São Caetano e arrumar o restante a gosto. Arriar e oferecer ao ODÚ no mato.
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domingo, 5 de abril de 2015
Sacro Oficio sacrifícios
RSS RSSilev desses vi uma mensagem na internet que afirmava: é impossível amor sem sacrifício. Creio que existe certa confusão entre estes dois conceitos (sacrifício e sacro ofício) e se faz necessário elucidar que ideia temos sobre sacrifício para verificar se há veracidade nesta frase de efeito.
Sacrifício está carregado de pesar e sofrimento. Quando retomamos os relatos bíblicos, vemos que o sacrifício acontece quando se vitimiza algum animal a fim de favorecer alguém ou alguma condição. Sacrifício supõe a perda de algo valioso e, também, a barganha: uma negociação em que se oferece algo para obter alguma coisa - de maior valor – em troca.
De que maneira então, amor estaria relacionado com sacrifício? Sendo assim compreendido, relação nenhuma. O que vem a ser amor? Na verdade, pouco sabemos, é por isto que confundimos sacrifício com amor. Amor é uma emoção e, como tal, é um modo de atuar. Segundo Humberto Maturana, emoções são domínios de ações. Sob determinada emoção, agimos de determinada maneira.
Nossas ações revelam nossas emoções e nossas emoções revelam nossas ações.
Supomos que o amor, tão cantado em verso e prosa, seja uma emoção que suscite, apenas, boas ações. Da forma como entendemos sacrifício, não é possível relacioná-lo com o amor, a não ser que seja para afirmar que sob a emoção do amor, o sacrifício é impossível.
Sacrifício é uma condensação da palavra sacro ofício. Mas, sacro ofício é uma atividade sagrada. A partir do amor, pode haver somente ações sagradas, divinas. Assim, sacro ofício é o próprio exercício do amor. Podemos, então, afirmar: não há amor sem sacro ofício.
Recordo-me de um episódio que me sensibilizou bastante. Meu pai e minha filha gostam muito de uma cocada cremosa. Quando restava apenas uma unidade, ele falou: ‘vou deixar pra minha neta, ela adora esta cocada’. Para mim, foi um ato de amor. Ele abdicou de algo a fim de proporcionar, à neta, algo que ela gostava. Mas isto não se deu a partir de um senso de perda, mas a partir de um senso de doação, de uma atitude amorosa na qual ele ficaria mais feliz em contribuir com a alegria dela, do que em se beneficiar sozinho daquele quitute.
Isto me faz recordar, também, de minha mãe e de meus tios que sempre visitam meus avós que moram em outra cidade e, para isto, deixam de ir a festas, de viajar e de realizar algumas atividades que apreciam para dar prioridade à assistência aos pais. Este também é um sacro ofício – uma ação oriunda do amor. Não uma troca que prende o outro numa dívida porque é favorecido, mas uma dádiva de si mesmo.
Uma mesma ação, entretanto, pode ser um sacrifício ou um sacro ofício – depende de qual emoção subjaz ao ato. Por exemplo, uma mãe pode deixar de fazer certas coisas em função dos filhos. Se a alegria dos filhos for sua própria alegria, trata-se de um sacro ofício. Neste caso, suas ações são escolhas nas quais, o que mais importa é proporcionar bem-estar à prole. Trata-se de uma atitude de amor. Desta forma, ela não se vitimiza, mas se alegra. Entretanto, abdicar de afazeres em função dos filhos pode ser um sacrifício – se, ao agir assim, ela o fizer a partir de um senso de privação.
Então, sobre Jesus, poderíamos afirmar que tudo o que fez foi a partir do amor, com a alegria de estar contribuindo para o bem-estar da humanidade. Seu ministério foi um sacro ofício. Seus atos são oriundos da plenitude, não da barganha.
Jesus afirma, no evangelho de João: não há maior amor do que este, aquele que dá a sua vida pelo irmão. Estou convicta de que esta afirmação tem sido mal interpretada. O amor é justamente esta doação de si mesmo em prol do outro, do irmão. Ele estava se referindo à dádiva da vida e não à morte. Esta dádiva de si mesmo acontece a partir do pleno amor, e não do sacrifício. Em nossas limitações acontece de, ao darmos tempo ou recursos a alguém, temos um sentimento de perda. Talvez este fato tenha originado uma distorção da ideia inicial e, por causa disto, confundimos sacrifício com sacro ofício.
Jesus não veio realizar sacrifício, mas manifestar o amor. Ele morre para a condição humana e ressuscita como Filho de Deus. Na condição de Filho de Deus, ele dá de Si mesmo, constante e eternamente, para os irmãos.
Quando atuamos fazendo sacrifícios, o fazemos com um senso de escassez, mas sendo plenitude, Jesus age a partir do transbordamento. Considero que no sacro ofício abdicamos de nós, não como uma perda, mas com o sentido de ganho, porque nos tornamos felizes com a felicidade do outro.
Sacrifício está carregado de pesar e sofrimento. Quando retomamos os relatos bíblicos, vemos que o sacrifício acontece quando se vitimiza algum animal a fim de favorecer alguém ou alguma condição. Sacrifício supõe a perda de algo valioso e, também, a barganha: uma negociação em que se oferece algo para obter alguma coisa - de maior valor – em troca.
De que maneira então, amor estaria relacionado com sacrifício? Sendo assim compreendido, relação nenhuma. O que vem a ser amor? Na verdade, pouco sabemos, é por isto que confundimos sacrifício com amor. Amor é uma emoção e, como tal, é um modo de atuar. Segundo Humberto Maturana, emoções são domínios de ações. Sob determinada emoção, agimos de determinada maneira.
Nossas ações revelam nossas emoções e nossas emoções revelam nossas ações.
Supomos que o amor, tão cantado em verso e prosa, seja uma emoção que suscite, apenas, boas ações. Da forma como entendemos sacrifício, não é possível relacioná-lo com o amor, a não ser que seja para afirmar que sob a emoção do amor, o sacrifício é impossível.
Sacrifício é uma condensação da palavra sacro ofício. Mas, sacro ofício é uma atividade sagrada. A partir do amor, pode haver somente ações sagradas, divinas. Assim, sacro ofício é o próprio exercício do amor. Podemos, então, afirmar: não há amor sem sacro ofício.
Recordo-me de um episódio que me sensibilizou bastante. Meu pai e minha filha gostam muito de uma cocada cremosa. Quando restava apenas uma unidade, ele falou: ‘vou deixar pra minha neta, ela adora esta cocada’. Para mim, foi um ato de amor. Ele abdicou de algo a fim de proporcionar, à neta, algo que ela gostava. Mas isto não se deu a partir de um senso de perda, mas a partir de um senso de doação, de uma atitude amorosa na qual ele ficaria mais feliz em contribuir com a alegria dela, do que em se beneficiar sozinho daquele quitute.
Isto me faz recordar, também, de minha mãe e de meus tios que sempre visitam meus avós que moram em outra cidade e, para isto, deixam de ir a festas, de viajar e de realizar algumas atividades que apreciam para dar prioridade à assistência aos pais. Este também é um sacro ofício – uma ação oriunda do amor. Não uma troca que prende o outro numa dívida porque é favorecido, mas uma dádiva de si mesmo.
Uma mesma ação, entretanto, pode ser um sacrifício ou um sacro ofício – depende de qual emoção subjaz ao ato. Por exemplo, uma mãe pode deixar de fazer certas coisas em função dos filhos. Se a alegria dos filhos for sua própria alegria, trata-se de um sacro ofício. Neste caso, suas ações são escolhas nas quais, o que mais importa é proporcionar bem-estar à prole. Trata-se de uma atitude de amor. Desta forma, ela não se vitimiza, mas se alegra. Entretanto, abdicar de afazeres em função dos filhos pode ser um sacrifício – se, ao agir assim, ela o fizer a partir de um senso de privação.
Então, sobre Jesus, poderíamos afirmar que tudo o que fez foi a partir do amor, com a alegria de estar contribuindo para o bem-estar da humanidade. Seu ministério foi um sacro ofício. Seus atos são oriundos da plenitude, não da barganha.
Jesus afirma, no evangelho de João: não há maior amor do que este, aquele que dá a sua vida pelo irmão. Estou convicta de que esta afirmação tem sido mal interpretada. O amor é justamente esta doação de si mesmo em prol do outro, do irmão. Ele estava se referindo à dádiva da vida e não à morte. Esta dádiva de si mesmo acontece a partir do pleno amor, e não do sacrifício. Em nossas limitações acontece de, ao darmos tempo ou recursos a alguém, temos um sentimento de perda. Talvez este fato tenha originado uma distorção da ideia inicial e, por causa disto, confundimos sacrifício com sacro ofício.
Jesus não veio realizar sacrifício, mas manifestar o amor. Ele morre para a condição humana e ressuscita como Filho de Deus. Na condição de Filho de Deus, ele dá de Si mesmo, constante e eternamente, para os irmãos.
Quando atuamos fazendo sacrifícios, o fazemos com um senso de escassez, mas sendo plenitude, Jesus age a partir do transbordamento. Considero que no sacro ofício abdicamos de nós, não como uma perda, mas com o sentido de ganho, porque nos tornamos felizes com a felicidade do outro.
quinta-feira, 2 de abril de 2015
EGBE ORUN
EGBE ORUN
Por:Bàbálórìsà Adesiná Síkírù Sàlámì
Episódios de aborto e morte prematura de crianças, jovens e adultos podem ser compreendidos como resultantes da ação dos Àbíkú, também chamados Emèré, espíritos pertencentes à Egbé-Àbíkú (Sociedade Abiku). A palavra àbíkú é constituída de a, bí, (ó) ku, que ignifica tanto nascido para morrer quanto o parimos e ele morreu: designa crianças e jovens que morrem antes de atingir a idade adulta e adultos que morrem antes dos pais. Assim, há duas qualidades de abiku: os àbíkú-omódé, que morrem ainda crianças, e os àbíkú-àgbà, que morrem jovens ou adultos. Tais indivíduos estabelecem com a Sociedade Abiku o ójó orí, pacto de retornarem ao orun ao ser atingida determinada idade. Quando uma mulher sofre sucessivas perdas de filhos recém-nascidos, ainda pequenos, jovens ou mesmo adultos, considera-se que esteja sob a ação de um abiku, espírito que nasce múltiplas vezes através de um mesmo corpo feminino por determinação do destino dessa mulher, por obra de magia ou por circunstâncias de acaso, como a aquisição inadvertida de um abiku por uma grávida que não tenha tomado os devidos cuidados contra isso. Quando uma mulher perde filhos assim, suspeita-se que se trate da ação de àbíkú-omodé; e os episódios de perda de filhos serão interrompidos somente se tomadas as necessárias providências para romper o vínculo desses seres espirituais com a comunidade à qual pertencem no orun. Quanto aos àbíkú-àgbà, o pacto por eles estabelecido com a sociedade determina que o retorno ao orun ocorra em algum momento muito significativo e importante da vida, que pode ser crítico ou de sucesso, como em uma data próxima à formatura, ao casamento, ao nascimento de um filho desejado ou a uma conquista social notável.
Egbé Aráagbó é a comunidade espiritual à qual pertencem os abikus: é constituída pela Egbé Aiyé (Sociedade de amigos do mundo visível, Amigos do mundo visível) e pela Egbé Òrun (Sociedade de amigos do mundo invisível ou Amigos Espirituais) Estando esses dois mundos entrelaçados e intimamente relacionados um ao outro, ambos exercem mútua influência entre si: pode-se presumir que, para que uma pessoa possa viver feliz no aiye, é preciso que esteja em harmonia com seus amigos espirituais no orun.
A solução básica do problema de quem é abiku implica em libertá-lo da sociedade à qual pertence. De fato, implica em tornar cada abiku indesejável ao seu grupo de pertença original no mundo espiritual, de modo que não queiram mais conservá-lo naquela sociedade. Sendo os abikus poderosos, é preciso muito conhecimento por parte dos sacerdotes que se propõem a lidar com eles. Alguns recursos para evitar a morte de um filho abiku e para retirar seu espírito da sociedade à qual pertence podem ser utilizados. Através de rituais é estabelecido um jogo de forças entre Egbé Aragbô e Egbé Abiku: forças de retenção do ser no aiye e forças de resgate deste mesmo ser no orun. Cultos e oferendas são realizados tanto para uns quanto para outros: para esta desistir de retomar seus membros e para aquela protegê-los de serem reconduzidos à companhia de seus pares no orun. Egbé Aragbô atua com Exu pela necessidade de manter o equilíbrio entre o aiye e o orun; age com o auxilio também de Oxum, pela influência dela sobre a fertilidade.
Egbé significa Sociedade: designa a Sociedade dos Espíritos Amigos e se refere, simultaneamente, a um orixá e a uma irmandade ou corporação de seres espirituais: trata-se de Èré igbó ou Aráagbó, que significa Habitante da floresta ou Habitante do além. Este orixá protege contra a morte prematura, acalma o sofrimento material e espiritual e orienta o ori do abiku e de seus devotos a seguir o caminho certo. Atrai progresso econômico e desenvolvimento espiritual, harmonizando esses dois aspectos da existência. Proporciona também os sentimentos de paz, tranquilidade, serenidade e confiança, trazendo a fertilidade em todos os aspectos da vida. Atrai condições para conquistas, domina recursos para promover cura e bem-estar, interfere no destino humano e remove obstáculos da vida: transforma lágrimas em sorrisos. Egbé Aráagbó é venerado para que se possa receber sua proteção contra seres visíveis e invisíveis. As pessoas costumam referir-se a ele dizendo Egbé mi, minha Sociedade, meus Companheiros. Há uma relação importante entre Ibeji e Egbé, pois Ibeji liga-se à natureza, de modo geral, e à floresta, morada de Egbé, de modo particular. Para cultuar um é preciso cultuar o outro.
òsúmaré araká
ÒSÚMARÈ ARAKÁ – A Misteriosa Divindade do Panteão Yorubá
A ORIGEM DO CULTO
Em pleno Século XXI, a origem exata do culto a esta magnífica Divindade, ainda continua na obscuridade. As controvérsias, ocorrem devido a sua semelhança sem igual com Dan Ayido Wedo, um Vodun originário da região Mahi, no antigo Dahomé, atual República Federal do Benim. Alguns religiosos afirmam que se trata de uma Divindade do Panteão Ewe Fon que foi agregada a Religião dos Yorubá. As semelhanças entre o Vodun Dan e Òsúmarè Araká chegam a ser impressionantes, muitos chegam a acreditar que trata-se de uma única Divindade venerada em culturas distintas. Ao que se sabe existia apenas um Templo dedicado à Òsúmarè em Ofia, uma antiga Cidade de Kétou, hoje região fronteiriça entre a Nigéria e a República do Benim. Entretanto, O Corpo Literário de Ifá, menciona que Òsúmarè emanado do próprio Criador Olódùmarè no òrún em Òfún Méjì, realiza seu Isalàiyé no Odù Ìròsùn Méjì, onde este ultimo, apenas relata que esta Divindade veio de um longinquo lugar, afim de fazer uma adivinhação ao Óòni de Ifè, no caso Odùdúwà. Por esta razão, muito acreditam que Olúorógbo, filho de Mòrimi, seja Òsúmarè, por ser uma divindade que ostentava o poder de manipular os ciclos da chuva, explicam então, que a origem do culto de Òsúmarè foi em Ilé Ifè.
A ETIMOLOGIA
O nome Òsúmarè Araká não é de fácil interpretação, para isso deveremos desmembrá-lo com cautela, afim de não alterar seu verdadeiro significado.
Ò – pronome pessoal reto, significa “ele”, no sentido de “aquele”; sú – verbo de ligação, significa “estar escuro ou nublado”, no sentido de “olhar nas nuvens escuras, tornar-se escuro”, aqui as nuvens escuras tem o sentido de “carregadas de água”; ma – advérbio, que significa “deveras, com efeito, muito”, dentro do contexto religioso tem a conotação de “criar a chuva” e rè – que significa “estabilidade da força de realização, o poder de manter a estabilidade do que nasce, cresce, reproduz-se e morre”. O conceito do sufixo marè está perfeitamente identificado com o poder de Olódumarè, pode ser interpretada como: "Aquele que tem autoridade sobre tudo o que há no céu e na terra, O Ser incomparável, Aquele que é absolutamente perfeito, Supremo em qualidades". O vocábulo marè é o significado de Deus dentro da Religião dos Yorubá como força física de realização.
Ara – substantivo, que significa “corpo, membro, tronco” e ká – advérbio, que significa “ em volta de, em círculo”, que tem o sentido de “corpo em forma de círculo” o que justifica uma das representações desta Divindade em ferro forjado “A Serpente mordendo a sua própria cauda, formando assim um círculo fechado”. A título documental, pesquisem a respeito da Serpente Uroboros, que exerce importante papel nas ciências herméticas; ela simboliza a vida universal, a força que pões essa vida em movimento.
A expressão Òsúmarè Araká pode ser interpretada como “Aquele com o corpo em forma de círculo, que possui a qualidade de trazer a chuva”.
OS ATRIBUTOS
Seus atributos não são fáceis de serem definidos, pois são múltiplos. O poder de realização, outorgado por Olódumarè e sustentado através de Òsúmarè pelos ciclos em que se operam cada etapa de transformações inerentes ao ritmo da vida, em seu movimento bipolar de fluxo e refluxo, afim de preservar e garantir a continuidade da existência na Terra. Atribuiu-lhe a função de dar mobilidade a todos os seres da Terra, representando a coluna vertebral, nos seres mais desenvolvidos. Divindade da transformação, do movimento continuo e da harmonia do Universo. Através de seu “corpo circular” envolve a Terra, unindo os hemisférios Norte e Sul, enrolando-se em torna da Terra em formação, possibilitou que a Terra se juntasse. Os mitos relatam que após a Terra ter sido criada, Òsúmarè com seu corpo gigantesco em forma de Erè òjòlá – (Python sebae – Píton africana) percorreu grandes distancias, andanças essas, que traçou sulcos na terra, formando o leito de rios que desembocam no mar. E vales que ele mesmo escavou muito antes do nascimento dos homens. Em sua obra, grandes extensões de terra foram irrigadas e fertilizadas. No plano material, seu papel no mundo dos mortais consiste em garantir a regularidade das forças produtoras de movimento. Preside a todos os movimentos da matéria, mas não se identifica obrigatoriamente com aquilo que é móvel. Representa o máximo poder em um movimento por excelência, que Òsúmarè tem por missão sustentar. As sinuosidades de Òsúmarè em torno da Terra não é imóvel, este gira em torno da Terra. “Desse modo, ele põe em movimento os corpos celestes. Sua natureza é o movimento.
A CHUVA
Òsúmarè ostenta o título de Olóòjo “O Senhor das Chuvas” e Olóomi-òjo “O Senhor das águas da chuva; a Divindade do Frescor. O primeiro àkúnbò – dilúvio, inundação trazido ao mundo por Òsúmarè nasce no Odù Òtùrùkpón Méjì:
Òsúmarè O dé igbó kùn bi òjo !
Òsúmarè chega a floresta e faz barulho de chuva !
Òsúmarè Ilè líbi jin òjo !
Òsúmarè faz a chuva cair na Terra !
juntamente com o ewé tètèrègún (Costus afer – cana-de-macaco):
ewé tètèrègún
òjo gb'omi wá ó
tètèrègún
òjo gb'omi wá ó e jòwó
E ! tètèrègún
chuva traz a água
tètèrègún
chuva traz a água, por favor.
Os mitos relatam que Òsúmarè foi incumbido de retornar a água ao céu, porém, este fenômeno meteorológico que consiste na precipitação de água no estado líquido sobre a superfície da Terra, não depende única e exclusivamente à Òsúmarè e sim em conjunto com sua esposa denominada de Ijòkú – A Serpente da Morte, a Deusa do Arco-Íris das águas doces, à semelhança de seu marido, é simbolizada pela cobra.
Okó Ijòkú dúdu ojú e a fi wo ran !
Esposo de Ijòkú que observa as coisas com seu olho negro !
Seu olho negro contempla as coisas !
Sua esposa tem a tarefa de realizar o fenômeno de evaporação das águas do planeta, e a concentração de chuva nas nuvens. Òsúmarè decide se estas devem ou não atingir o solo. Nem todas as chuvas atingem o solo, algumas evaporam-se enquanto estão ainda a cair, num fenômeno que recebe o nome de virga e acontece principalmente em períodos e locais de ar seco. Sabemos que a chuva tem papel importante no ciclo hidrológico, além de fertilizar a terra, gerando todas as riquezas que ele pode nos proporcionar. A Terra molhada é muito importante na concepção religiosa africana, pois representa a fecundação. Sem isso, não poderia haver evolução e renovação da natureza. Em seus ritos litúrgicos um dos componentes importantes é a água da chuva recolhida enquanto o noviço a ser iniciado e consagrado a esta Divindade estiver nos espaços delimitados do Terreiro. A água é considerada a Dona da Vida, mas como tudo tem seu lado oposto, pode ser considerada também como Dona da Morte, quando as águas do céu, apresentam seu lado maléfico. Muitos religiosos acreditam que esse fator se de ao fato de Ijòkú punir os habitantes da Terra, talvez esto faça jus ao seu nome.
O ARCO ÍRIS
A aliança entre o céu e a Terra foi estabelecida através do arco-íris, onde Òsúmarè revela para o mundo seu arco multicolorido. O arco-íris, também chamado arco-celeste, arco-da-aliança, arco-da-chuva ou arco-da-velha é um fenômeno óptico e metereológico que separa a luz do sol em seu espectro contínuo quando o sol brilha sobre gotas de chuva. O efeito do arco-íris pode ser observado sempre que existir gotas de água no ar e a luz do sol estiver brilhando acima do observador em uma baixa altitude ou ângulo. O mais espetacular arco-íris aparece quando metade do céu ainda está escuro com nuvens de chuva e o observador está em um local com céu claro. Outro local comum para vermos o arco-íris é perto de cachoeiras, o habitar preferido e “onde nasce um dos maiores segredos de Òsúmarè”. O arco-íris é frequentemente associado à uma gigantesca cobra celeste. Quando Òsúmarè e Ijòkú aparecem em forma de arco-íris, “o macho é a parte vermelha, a fêmea, a parte azul. As cores escuras pertencem a ele e as cores claras à sua esposa. Além do arco-íris do sol, Òsúmarè e Ijòkú também mostra suas cores ao redor da lua, em alguns dias do ano. Nessa noite, em que a lua exibe sua aureola colorida, principalmente em dia de Lua Cheia – Òsúpà-akúnyà é o momento propicio para se realizar um dos maiores “preceitos” para Òsúmarè relacionados a vida financeira e bem estar.
O EMBLEMA RITUALÍSTICO
Um de suas principais representações, consiste em uma ferramenta de ferro forjado em formato de um tronco de árvore com folhas, simbolizando a árvore sagrada Akòko (Newbouldia laevis) uma árvore mítica que sustenta e atravessa os nove espaços do òrun.
Òsúmarè a gbe òrun li ara ira !
Òsúmarè permanece no òrun que ele atravessa com seu corpo !
Em algumas linhagens, este tronco representa outra árvore sagrada Ìrókò (Chlorophora excelsa) o que de certa forma não estaria incorreto, pois sabemos que é a arvore cuja a copa bate a porta do òrun.
Neste tronco, encontramos duas serpentes enroladas que simbolizam o casal mítico Òsúmarè – Ijòkú. Tudo “acomodado” em uma grande panela de barro, forrada com areia de rio, devidamente preparada com seus segredos ritualísticos para esta finalidade e outros apetrechos. A areia-de-rio ou areia-de-goma, utilizada em seus rituais, são a representação de suas escamas e de sua pele depositada nos leitos dos rios, em tempos remotos, quando a Serpente rastejava no chão, traçando os cursos d'água.
Esta representação em ferro forjado tem um duplo aspecto, masculino e feminino. No entanto mais do que um par, é uno e possui dupla natureza. Juntos sustentam o mundo enrolados em um espiral em volta da Terra, que a preservam da desintegração. Um não pode viver sem o outro, se enfraquecem, seria o fim do mundo. Tudo que se oferecer à Òsúmarè, deverá ser oferecido em contrapartida à sua esposa Ijòkú. Este é o verdadeiro mistério de se oferecer casal de animais a esta Divindade, o que leva a interpretação errônea de afirmar que Òsúmarè seja andrógino ou como dizem o povo-de-santo “seis meses homem, seis meses mulher”. O mito de transformação deste casal mítico em serpentes e mesmo em arco-íris é muito reputada entre os animistas, mas abominam a metamorfose feminina de Òsúmarè.
Os búzios denominados entre o povo-de-santo de Owó-eyo representam opulência e poder, pois na antiguidade eram usados como dinheiro ou moeda corrente. Estes por sua vez, estão presente em grandes quantidades em seus assentamentos, vestimentas, adornos e utilizados por seus sacerdotes em formas de colares denominados de brajá – nestes colares, o modo de como os cauris são enfiados, evoca as escamas de uma serpente. A quantidade de búzios, significa que esta divindade é portadora de riqueza e fortuna. Os mitos relatam que Òsúmarè enriqueceu manipulando seu oráculo e fazendo adivinhação para as mais importantes figuras históricas do povo Yorubá.
Araká do bò òrun ki lo da dé owó
Òsúmarè O !
Òsúmarè está chegando do òrun coberto de búzios !
Nesta frase de um dos mais conhecidos cânticos desta divindade, enxergamos nele o Deus da Prosperidade.
OFERENDAS E SACRIFÍCIOS
A esta divindade são ofertados: Òbúko (bode), àkúko ati adie (galo e galinha), etu (casal de galinha-de-angola), pépeiye nlá (casal de gansos africano), alábahun (tartaruga d'água), obí (noz-de-cola), orógbó (fruto amargo), epo (azeite-de-dendê), oiyn (mel-de-abelha) e otí-àgbàdo (bebida fermentada de milho).
Em sua culinária ritualística (ilé-ìdáná), seus principais pratos são preparados a base de massa de milho branco (èkò ati àgidí), batata-doce (kúkúndùnkún), inhame-da-costa (isu), milho-de-galinha (àgbàdo), feijão fradinho (éwà ere). Seus temperos básicos são uma mistura de cebola ralada (àlùbósà), camarão triturado (edé) e azeite-de-dendê (epo) . Em alguns de seus pratos somente acompanha o mel-de-abelha (oiyn), enquanto em outros a raiz-de-gengibre (atalè) é adicionada. Um mito relata que “o excremento da serpente, transformava os grãos de milho em búzios”, trata-se de uma metáfora da qual nos revela que “se oferecermos milho à Òsúmarè receberemos em troca riqueza e prosperidade”.
A maior parte de suas folhas sagradas, consistem em: folhas trepadeiras e cipós, denominados no grupo das ewé àfòmon e as folhas rasteiras no grupo das ewé kékere. A cabaça (igbá), sobre tudo as de tamanho menores, são muito utilizadas em seus ritos litúrgicos, principalmente como complementos do obí e orógbó durante a consulta adivinhatória.
Òsúmarè é uma Divindade merecedora de culto, pois representa os antepassados muitos distantes cujos nomes foram esquecidos e sobretudo, em sua tarefa de preservar o mundo, Òsúmarè é considerado um servidor universal. Por si próprio nada faz, mas sem ele nada pode ser feito.
Texto de Baba Guido
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