domingo, 3 de abril de 2016

Orixás direitos e deveres

Em nossa casa em Salvador semanalmente aparece um grupo de saguis hoje fui colocar bananas para eles e enquanto colocava alimentos para eles me ocorreu escrever esse texto sobre a fé, os orixás e os direitos e deveres dos iniciados e sacerdotes.

Quando eu coloco todas as manhas bananas para os macaquinhos é com a esperança que eles apareçam em nossa casa, mas em razão das chuvas eles pouco nos visitam, mesmo assim eu coloco alimento todos os dias, parece sem sentindo, mas como é que vou adivinhar qual é o dia que eles vão aparecer em nossa casa, então sigo colocando alimento todos os dias.

A mesma coisa acontece quando falamos de fé você não vê o orixá e nem sabe que dia ao certo ele vai atuar em sua vida, mas você reza todos dias e cuida dele com carinho e respeita partindo do princípio que ele também está cuidando de você.

Muitas vezes aos nossos olhos ele demora para interferir e nos auxiliar em dificuldades que temos, mas na verdade o orixá é que sabe a hora certa para interferir e nos auxiliar.

O orixá constantemente interfere em nossas vidas, mas nós não temos condições de perceber o que está acontecendo em nossa volta, isso porque somos seres imperfeitos, nos preocupamos com as contas, com as aparências, com o que adquirimos, com as roupas, com o carro, com a beleza da casa e muitas vezes não percebemos as mudanças do mundo espiritual.

Baseado nisso colocar na internet um texto que a princípio vamos chamar de direitos e deveres, não é nenhuma citação que lembre o período da ditadura, quando os professores de moral e cívica insistiam nos direitos e deveres nos cidadãos brasileiros.

Para começar vamos abordar desde a entrada no iniciado no ile orixá:

- É dever do iniciado cumprimentar ao entrar na casa de orixá os orixás para só depois cumprimentar o sacerdote e membros da família.

- É direito do iniciado entrar nos quartos dos orixás para saudar os orixás e rezar, é dever do sacerdote permitir a entrada e saudar e respeitar o orixá do iniciado, caso ele incorpore.

O procedimento correto é colocar o orixá para dentro de um dos quartos, colocar uma roupa adequada, retirar os calçados e levar o orixá para saudar o ojúbo do orixá dono da casa, para só depois saudar o sacerdote.

- É dever do iniciado auxiliar nas atividades na casa de orixá, assim como limpeza e conservação de todas as instalações.

- É um direito do iniciado em caso extremo ser atendido em consulta mesmo que não disponha naquele momento de dinheiro.

- É dever do iniciado auxiliar na compra de materiais para a manutenção da casa.

- É dever do sacerdote auxiliar os iniciados que não disponham de materiais para a manutenção dos igbas de seus orixás.

- É um direito dos iniciados fazerem as refeições na casa de orixá durante o período que eles estejam em rituais e cerimonias.

- Também é de bom tom que o iniciado só se sirva de alimento durante as refeições depois que o sacerdote tenha se servido.

- É um dever dos iniciados informar caso resolvam participar de alguma cerimônia religiosa em outra casa, sendo assim é um dever do sacerdote orientar seus iniciados de como devem se comportar, em visitas a outros ile orixás.

- É um dever do sacerdote passar ensinamentos para os seus iniciados, também é um dever do sacerdote interferir quando necessário em benefício do iniciado.

- É um dever do iniciado respeitar e honrar a sua família e a casa que foi iniciado.
Sendo assim vamos observar as questões acima:

Primeiramente todo o sacerdote do ponto de vista lógico não é o dono da casa de orixá, o dono da casa é o orixá, então é ele que deve ser cumprimentado primeiro.

Quando o iniciado entra no terreno do ile orixá deve primeiramente se dirigir ao exu da casa e pedir permissão para entrar, depois se necessário for deve trocar de roupa e cumprimentar o orixá dono da casa, para só depois cumprimentar o sacerdote principal, após isso cumprimenta os demais, seguindo a hierarquia.

O cumprimento ao sacerdote que iniciou o iniciado deve ser com o ato de colocar a cabeça no chão, (foribalè) já para os demais essa reverencia pode ser ou não substituída por uma saudação.

Existe algumas exceções em algumas casas é exigido o mesmo tratamento dispensado ao sacerdote para o ojúbona do iniciado.

Os iniciados de sexo feminino devem se vestir de acordo com as cerimônias usando saia e pano da costa assim como o pano de cabeça, é dever dos iniciados se vestirem de forma adequada ao ambiente da casa de orixá sendo vedado o uso de bermudas, shorts e roupas cavadas.

- É dever dos iniciados de sexo masculino auxiliar as iniciadas nos trabalhos que exijam uma maior força física e também não é nenhum demérito auxiliar em atividades teoricamente femininas.

- É um dever dos iniciados do sexo masculino se afastarem dos ambientes que envolvam banhos e rituais ou cerimonias onde as iniciadas de sexo feminino estejam sem roupa.

- É um direito das iniciadas de sexo feminino exigirem ser banhadas por pessoas do mesmo sexo.
No período de iniciações pressupondo que o novo iniciado não disponha de condições financeiras para as compras referentes a sua iniciação é dever dos iniciados mais antigos e do sacerdote contribuírem com trabalho e dinheiro facilitando assim a situação do necessitado.

Em caso de visita de membros de outras famílias é dever do sacerdote abrir os quartos dos orixás para que sejam saudados, também é dever do sacerdote e dos iniciados receber as visitas com o máximo de respeito.

Obs: Para um melhor entendimento vamos definir nesse texto assentamento coletivo como o ojúbo e assentamento particular como igbá.

- É dever de todos os iniciados participar do òsè dos ojúbos do ile orixá, assim como é um direito do iniciado desfrutar de silêncio durante o òsè em seus igbas para que possa fazer suas orações.

*Òsè o dia que completa uma semana Yoruba, referente período de quatro em quatro dias, òsè primeiro dia da nova semana, para nossa compreensão quinto dia depois do primeiro òsè.

Mesmo os orixás tendo sido assentados para o sacerdote com exceção do seu orixá principal quase todos os assentamentos devem ser tratados como ojúbo, salvo Orunmila, o exu pessoal, Iya mi e Egungun orixás esses individuais, (igbá) não confundir com assentamento coletivo de Egungun e Igbàlè ou ojúbo.

O òsè dos ojúbos deve ser feito pelos iniciados que já tem permissão do sacerdote para esse ritual, é impossível que o sacerdote mantenha todos os orixás da casa limpos e tratados sozinho, a participação de todos os membros é fundamental para que se estabeleça o conceito de família.

O igbá do orixá do iniciado é de propriedade dele é dever do sacerdote entregar o igbá para o iniciado que deve providenciar um local adequado para manter o assentamento.

Jamais o assentamento do orixá deve ser retido na casa de orixá por falta de qualquer tipo de pagamento, os pagamentos são feitos por rituais e não por igbá, o assentamento do orixá jamais poderá ser usado como garantia de um pagamento futuro.

- É dever do iniciado antecipadamente solicitar ao sacerdote autorização para levar amigos na casa de orixá que poderá estar em cerimônias não permitidas para visitantes.

- É um direito do iniciado solicitar ao sacerdote que ele ministre cerimônias e rituais em caráter privado, a terceirização dos rituais e a delegação de autoridade pode ser contestada em caráter pessoal. É um dever do sacerdote corresponder à confiança depositada em suas mãos, não devendo indicar pessoas estranhas ao iniciado em rituais e cerimônias secretas.

Exemplo: Os Boris devem ser realizados pelo principal sacerdote da casa de orixá e jamais por outros membros mesmo aqueles com conhecimento comprovado.

Recomenda-se as pessoas em visita a casa de orixá que mantenham o habito de levar para os orixás agrados como obi, orobo, esteiras, dendê, mel, gim, frutas e flores.

A manutenção da casa de orixás é dispendiosa e deve ser considerada como responsabilidade de todos os membros.

Quanto a manutenção da fé ela não tem rituais específicos ou uma formulas secretas, os rituais podem ser ensinados, mas a crença ela é desenvolvida sem o controle pré estabelecido.

Acreditamos ou desenvolvemos a fé com o passar do tempo, mas jamais a fé vai ser instruída, os sentimentos afloram dispensando justificativas, o orixá opera em nós o milagre de acreditar naquilo que não estamos vendo, mas que podemos sentir.

A força do orixá transforma, tranquiliza e fortalece o interior do iniciado sem que ele perceba só o tempo atesta a evolução e o desenvolvimento espiritual. Não existe a possibilidade de pular etapas, a vida se desenvolve dia após dia.

Vou continuar colocando bananas para os saguis todos os dias mesmo que eles só venham uma ou duas vezes por semana.

O sacerdócio e a verdade.

A honestidade é uma qualidade de ser verdadeiro, não mentir, não fraudar, não enganar, e deveria ser a principal característica de um sacerdote.

Quando uma pessoa procura uma casa de religião para consultar, é isso que ela espera, mas muitas vezes termina pagando para ouvir mentiras, e ser iludida conforme o interesse de quem está manipulando o oraculo.

 É difícil acreditar que alguém use o nome de um Orisa em seu próprio benefício, mas isso está se tornando muito comum, em nome dos Orisas atos são proferidos e verbas são liberadas, documentos são assinados, acordos são ignorados, pessoas são iludidas.

O indivíduo que é honesto procura agir dentro de uma lógica que implica em manter uma postura digna, coerente com a pratica religiosa que professa.

A obediência incondicional às regras existentes, dentro e fora da religião, faz de um sacerdote um exemplo de comportamento, um elemento em permanente destaque, então olhe bem meu colega, a onde você pisa e por onde você transita.

Não acorde reclamando porque que a vida não lhe sorri, sem antes examinar o seu comportamento, e as suas atitudes.

Não existem um procedimento para burlar a verdade, mudar a realidade, os Orisas jamais mentem, pode até acontecer uma interpretação errada do sacerdote, mas nunca um erro do Orisa, o Orisa não erra e não mente.

Exercer o sacerdócio com honestidade em caráter amplo é muito difícil, mas é o mínimo que o Orisa espera de você.

 Para muitos, a pessoa honesta é aquela que não mente, não furta, não rouba, que respeita os outros, mas isso só não basta, você deve ser confiável, deve fazer tudo que os Orisas indicam, sem criar artifícios que lhe beneficiem.

Se você não consegue ser honesto e conviver com a verdade, não acredite que possa enganar os Orisas, você engana as pessoas, mas os Orisas jamais serão enganados, você está mentindo, mas a verdade sempre aparece.

Não estou aqui para julgar ninguém, mas acredito que usar uma pele de cordeiro durante o dia e se transformar em fera durante a noite, não é o caminho.

Para ser um sacerdote, você precisa ser verdadeiro, precisa acreditar e praticar tudo aquilo que você indica para as pessoas, caso contrário nada tem sentido.

Não julgue as pessoas como idiotas, toda pessoa merece o seu respeito, todos temos um Ori e um Orisa, se você não sabe o que dizer fique calado, mas não minta em nome dos Orisas.

Você mentindo está ofendendo os Orisas, está ofendendo seus antepassados. Faça somente o que você está habilitado para fazer, diga somente o que os Orisas estão lhe mostrando, não invente nada, não minta, não crie.

 Isso é o mínimo necessário para você se dizer um sacerdote, é o que as pessoas esperam de você, quando lhe procuram para uma consulta, honre a sua religião, honre o seu Orisa.

  Aquele que fala em nome dos Orisas tem obrigação de dizer sempre a verdade!

O equívoco da fé

Particularmente acredito que o esvaziamento das casas de orixás não se deve a falta de fé e sim ao equivoco da fé.

Equivocadamente o nosso povo foi ensinado a acreditar nos orixás somente quando tudo está indo bem.

Na verdade existe uma enorme variante em cada questão entre a resposta positiva e a negativa, mas nos foi ensinado a acreditar no orixá quando tudo está correndo bem e os resultados são positivos.

Chegamos ao ponto de acreditar que o orixá deva fazer tudo que queremos, na data e local por nós escolhidos, na verdade somos tão poderosos que damos ordens para os orixás baseados no equívoco da fé ou no excesso de ignorância.

Quando as coisas não acontecem da forma que queremos mudar de casa ou de família de axé é a opção mais usada, esquecem os menos avisados que existem várias implicações nesses afastamentos já que seguimos uma religião Yoruba temos que ter a consciência que no território Yoruba o homem nasce e vive uma vida inteira pertencendo a uma única casa.

Qual seria a explicação para essa enorme variante na forma de agir que difere tanto os nossos iniciados dos iniciados em terras nigerianas?

A explicação para esse fato que implica no entra e sai das casas de axé é a forma equivocada que nos foi mostrado o orixá, o orixá no Brasil é um super herói que é retratado com uma musculatura excepcional e uma beleza indescritível. Esse exemplo de perfeição ao nosso ver nada mais é que um secretario de luxo que obedece sem replicar, em nada retratando o orixá.

Esse enorme absurdo nos levou a acreditar que a nossa religião é a melhor porque nos possibilita emprego, dinheiro, poder e amor.
Se fosse assim jamais um babalorixá ou um babalawo adoeceria ou teria problemas financeiros.

A pergunta é seguinte:

- Porque em todas as outras religiões não existe essa forma de imaginar as divindades?

O equívoco da fé é o retrato do equívoco da educação como um todo, nos países menos esclarecidos as pessoas são criadas para respeitar os ditames religiosos sem nenhum questionamento, mas se o educador não é bem educado o reflexo é visto no iniciado ignorante.

Oxum não é a mulher maravilha e Ogun não é o super homem, é difícil acreditar, mas é mais ou menos esse o conceito que nos foi passado, com um agravante, os nossos super heróis são escravizados e não tem vontade própria, são obrigados a fazer tudo que pedimos ou deixamos de acreditar neles.

Se isso continuar assim os filhos dos filhos serão reflexos da ignorância que se viveu no passado. A insistência na falta de informação perpetuará o equívoco, prejudicará o presente, desmoralizará o passado e aniquilará o futuro.

Cabe a nós mudarmos essa história com simplicidade e honestidade, orientando os iniciados para que não se equivoquem dando ordens aos orixás. Ensinar religião é como alimentar alguém, a escolha do alimento é que vai implicar em um futuro saudável, se você não orientar corretamente o iniciado, as expectativas não serão correspondidas e a decepção certamente vai acontecer.

As pessoas precisam entender que se elas em um passado foram atendidas em suas preces e hoje não o são, isso não deve implicar em afastamento da sua fé.

Se um iniciado nega o seu nome ele está negando a sua iniciação e está negando a proteção dos antepassados daquela família.

Isso é bem claro, pois se um babalawo jura segurando o ekodide e quebra o juramento o ekodide não tem nenhum sentido, e a sua iniciação deixa de existir. Se ele não usa o nome familiar porque os antepassados daquela família deveriam ouvi-lo em suas orações?

Se um iniciado em orixá quebra um juramento de respeito a sua família e o culto a orixá é familiar, como pode ele seguir invocando aquela mesma divindade, se não pertence mais a aquela família?

As implicações são muitas e os equívocos se multiplicam, fruto da falta de informações corretas, iniciados mudam de casa em busca dos resultados milagrosos e dá resposta dos super heróis.

Acreditar é preciso, mas ter lucidez é fundamental!

Orixás o pecado não existe.

Escrever sobre filosofia religiosa yoruba exige sobre tudo coragem e ousadia, aquele que tenta divulgar orixá e sua forma de pensar em um país a onde a grande maioria se declara católico.
Fui surpreendido com o resultado de uma pesquisa que fiz na internet, em nosso bairro a grande maioria das pessoas se declaram católicos ou evangélicos.

             
Escrever para pessoas que não assumem sua religião publicamente é muito complicado, imaginem então, escrever sobre filosofia yoruba para pessoas que aprenderam a pensar como católicos.

Para nós iniciados em orixá o pecado não existe pressupor pecado implica em aceitar que se eu pequei e cumpri a penitencia fui perdoado, na religião tradicional yoruba se você cometer erros mesmo que venha se arrepender as implicações do erro não deixaram de existir.

No odu Ògúndá Òfún fala sobre o comportamento do ladrão e traidor, indicando no próprio texto cautela ao iniciar as pessoas para quem se apresenta esse odu, se Òrúnmìlà orienta para ter cautela é porque existem indicativos de falta de caráter.

Ògúndá Òfún:

Um mentiroso mente e suas mentiras o destroem.
Um traidor faz dano para ele mesmo.

Estas foram as declarações de ifá para Òrúnmìlà, quando o mentiroso e traidor queria se converter em seu discípulo.

“Solagbade Popoola”

A verdade é que ao longo do tempo em nosso país foi divulgado que a nossa religião esta de braços abertos para os faltosos, em parte é verdade, estamos de braços abertos, mas isso não quer dizer que você comprou um passaporte para a impunidade.

Há algum tempo um Bàbàláwo recém-iniciado me perguntou se quem passa por todos os rituais do itelodu estaria protegido por um longo tempo de energias negativas, a minha resposta para ele foi não.

Mesmo que você tenha passado por todos os rituais que uma iniciação exige, se você não mudar sua forma de pensar e agir, a permanência da energia adquirida na iniciação termina se esvaindo.

A religião que eu pratico não é a mesma das pessoas que atendem traficantes e assassinos, seria infantilidade afirmar que orações dirigidas a um orixá possam trazer benefícios para alguém que vende drogas para crianças ou que tira a vida de inocentes.

Os desavisados podem concluir então que a nossa religião é só para pessoas perfeitas, na realidade todas as religiões deveriam servir para as pessoas que querem abandonar posturas antigas, deveriam servir para pessoas que estão tentando mudar e evoluir como seres humanos.

Se você busca a transformação o orixá é o caminho, mas se você acredita em absolvição esta na religião errada, as nossas atitudes nos envolvem e podem nos condenar ou nos absolver.

Quem não estiver com intenção de melhorar certamente não vai ter as suas suplicas atendidas, o desonesto reza e não é escutado, ao contrario daquele que tem boas intenções, que até os seus pensamentos são ouvidos.
Orixá e a transformação.
 
Algumas pessoas vieram me perguntar se existe pecado na religião tradicional yoruba, é interessante o raciocínio das pessoas que praticam uma religião mais não a vivenciam.

Vamos analisar o seguinte exemplo:

O sujeito chega em sua casa no fim da tarde cansado do trabalho, beija a sua esposa e diz para ela que estava com muita saudade e que a ama muito.

Na realidade ele não estava no trabalho, ele estava em um lugar reservado com outra mulher com a qual mantém um relacionamento escondido.
O sujeito em questão diz que estava trabalhando, mas na verdade ele engana, mente e ludibria as pessoas em seu trabalho.

Será que existe lei do retorno para essas pessoas no mínimo equivocadas em seu agir e seu pensar?

 O orixá não esta enxergando tudo isso?

Não importa se o motel é na barra da tijuca ou em Paris, ou se o dinheiro esta na cueca ou em uma conta na Suíça, os orixás tudo veem e tudo sabem.

 O que acontece é que em todas as religiões temos o livre arbítrio e quase tudo que aqui se faz aqui se paga.

Quando assumimos um comportamento improprio ou inadequado com consciência do que estamos fazendo, as lembranças assumem a posição de carrasco.

Se os olhos estão abertos e as pessoas estão conscientes, a imagem é capturada e imediatamente arquivada no cérebro.

Dessa forma quando as pessoas se conscientizam das falhas, terminam sendo vitimas de suas lembranças, além é claro de se distanciarem da essência positiva do orixá.

Os equívocos e as falhas fazem parte de nosso dia a dia, a perfeição é quase impossível, porém quando os mesmos erros se repetem isso deixa de ser um equivoco e termina sendo um traço negativo da personalidade.

A razão primeira de cultuar orixá é religar com o divino, todo iniciado tem obrigação de melhorar, a necessidade de evolução e do aprimoramento do caráter exterioriza o sentimento mais comum que é a sobrevivência.

O ifá é desaconselhável para os que se consideram perfeitos, só quem pretende melhorar deve ser iniciado, quem não quer seguir regras e obedecer à hierarquia é por que sabe mais que o orixá então deve criar sua própria religião. 
O maior de todos os feitiços.

Nos encontros que tenho com as pessoas para falar sobre ifá sou surpreendido com a quase total falta de conhecimento das pessoas sobre os orixás.
Fico muito aborrecido quando ouço algumas afirmações cobrando dos orixás transformações que jamais deveriam ser atribuídas as divindades, o homem é um ser mutável e pré-disposto a assimilação rápida, o convívio deveria implicar em um amadurecimento e na evolução da espécie ao contrario disso me deparo com inúmeras pessoas que o cabelo ficou branco, mas que a total falta de caráter predomina, contradizendo a máxima que o homem amadurece e fica sábio.
O maior de todos os feitiços aquele que sentencia o homem ao insucesso, é a falta de caráter, quando o individuo rouba, trai e mente ele se afasta da sua essência, primária, divina.
 A origem do homem é fruto de Deus, mas o homem enquanto produto constituído fruto do divino com suas atitudes distancia-se dos benefícios criados por Olódùmarè e os orixás, a mudança de atitude é o ponto de partida para a evolução.
Sendo assim a mudança deve ser a partir do comportamento e das atitudes, para que aja a transformação o processo deve acontecer de dentro para fora e não ao contrario, o bom caráter abre caminhos e cria oportunidades atraindo a sorte.
É comum ver sacerdotes preparando ebos para seus iniciados com o intuito de afastar as negatividades, sem que tenham abordado com seus discípulos questões que envolvem o bom comportamento e as atitudes positivas implicando assim na grande maioria das vezes em uma sequencia de insucessos.
A tolerância, a paciência, a bondade e o desprendimento assim como a honestidade e a verdade implicam no processo de limpeza dos canais de comunicações com o orixá, o bom caráter fala e é ouvido, o mau caráter reza e não é escutado.
A avareza, o egoísmo e a mentira assim como a traição e a desonestidade isolam o homem dos orixás e de seus semelhantes, a postura negativa é sem dúvida a maior das magias maléficas.
Dizem que o mestre aparece quando o discípulo está bem preparado, na verdade o discípulo só esta preparado quando os dois tem bom caráter, o exemplo é a melhor de todas as lições contrariando sempre a frase que diz “faça o que digo, mas não faço o que faço”.
Nos versos de ifá encontramos orientação de qual caminho seguir, porém se somente passamos por cerimonias e dentro de nós nada muda não chegamos a lugar nenhum.
Por essa razão antes de reclamar que você não tem sorte analise as suas atitudes.

Iya mi Osoronga, as bruxas e a desinformação.

Eu sempre digo que sou uma pessoa calma ,mas diante de tantas asneiras sendo ditas sobre Iya mi na internet,minha paciência desapareceu,chamar a mãe da terra de bruxa, é no mínimo desinformação ,Iya (mãe)mi(minha) minha mãe não é bruxa ,e eu entendo o motivo da afirmação é claro que é falta de cultura,mas não concordo com a falta de informação nos dias de hoje, pois nunca na história da humanidade foi tão fácil se informar.

Dizer q Iya mi é um culto só de mulheres é mais um absurdo, o que dizer dos Osos?

Eu já ouvi de tudo até que Iya mi é cultuada para maldade,eu só  posso dizer que tudo isso é loucura ,a função de iya mi na filosofia yoruba, é a coordenação dos Ajoguns,Iku a morte,arun  a doença,ofo o prejuízo ou perda,e outras dificuldades que o homem encontra em sua existência,a liberação dos ajoguns ou não esta ligada a uma série de fatores,assim como  o próprio destino que conforme a cultura religiosa yoruba em parte é escolhido por nós mesmos.

Diante de tais informações,erradamente divulgada eu tenho a dizer que se você quiser agradar seus antepassados femininos e buscar uma existência em harmonia com  passado e o presente eo futuro certamente deve cultuar Iya mi.

A essência jamais deve ser esquecida  não existe figura mais respeitada  para os yorubas que a mãe ,é muito difícil aceitar que a mais importante das divindades se tornou uma bruxa no nosso país essa que representa todas as mães inclusive a mãe terra deve ser respeitada em todos momentos.

O culto a Iya mi faz parte da historia da humanidade e não é um grupo de desinformados que vai mudar a cultura trazida para o Brasil por nossos antepassados.

feminino ,masculino,e a fecundidade no culto aos orisas

Feminino,masculino
Eu me surpreendo quando as  pessoas  iniciadas  ainda não conhecem algumas coisas básicas no culto aos orisas , feminino e masculino interagem buscando assim a fecundidade.

Olhando com calma o Igba de um Orisa (vasilha do assentamento) vamos perceber claramente os componentes femininos e masculinos ,tudo em um perfeito equuilibrio buscando assim a representação da fecundidade e a interação.

 Eu sei que nem todas as pessoas tiveram a oportunidade de aprender tudo isso mas se fazemos parte da religião dos orisas e entendemos os orisas  como parte da natureza é muito fácil concluir tais afirmações,em  todos os momentos vemos na natureza essa interação dos elementos femininos e masculinos.

Os iniciados na sociedade Ogboni quando saúdam a terra colocam de forma bem clara a mão esquerda com o punho serrado sobre a direita (também serrada) para só ai colocar a sua cabeça, caracterizando   assim o total respeito a Iya Alela (mãe terra) feminina  e a dedicação dos homens icicíados em Ifa                ( Orunmila masculino) assim como no culto  de Egungun a presença de Oya tem essa representação de interação assim como a presença do Oso no culto de Iya mi também tem o mesmo sentido, tudo se completa e jamais se separa.

A importância dos elementos femininos e masculinos,assim como mineral,vegetal e animal constituem o equlíbrio necessário para a realização do culto aos orisas.

Eu sei que essa visão ainda é muito nova em nosso país, mas a verdadeira origem em  alguns casos é o oposto do que foi ensinado aqui, mas também devemos considerar o quanto se perdeu de informação ao longo da história.
Egún e Òkú 
 
Os povos de origem yorùbá tem um nome especial de tratar seus antepassados, egún, esse termo identifica o antepassado masculino e espíritos divinizados através de rituais específicos, onde o morto passa a ser considerado de forma especial, ele recebe um novo nome e começa ser cultuado junto ao assentamento dos demais antepassados.
Os yorùbás acreditam que o culto a egún serve para harmonizar a pessoa com o passado, mas principalmente para reverenciar aqueles que contribuíram para a nossa existência, pois como todos sabemos sem passado não existe presente e muito menos futuro.
Os espíritos dos mortos na cultura yoruba recebem o nome de Òkú, não é todo Òkú que se torna egún, mas todo egún um dia foi um Òkú.
Obs: Não confundir com Baba Egúngún.
A diferença esta nos rituais próprios para tornar o Òkú um ser divinizado, esses rituais podem ser feitos somente para os espíritos de pessoas iniciadas no culto de òrìsà ou de egúngún, é claro que existe outros pré-requisitos para que esse processo de divinização seja efetuado, o homem quando vivo deve ter um comportamento exemplar se pretender um dia ser cultuado como egún.
No Brasil existe uma diferença em relação ao que é feito no território yorùbá, aqui se acredita que os egún jamais devem ter contato direto com as pessoas, isso para a tradição yorùbá não procede, os antepassados ficam felizes com esse contato, essa é uma das formas de harmonizar o espírito com seus descendentes.
Quase todo espírito (Òkú) cria problema para os seus descendentes se não for cuidado de forma adequada, normalmente a falta de rituais fúnebres próprios e o despreparo das pessoas para cumprirem algumas exigências básicas nessa relação homem espírito, terminam criando esse conflito.
Na cultura yorùbá existe uma sociedade secreta que se encarrega dos rituais fúnebres, esses sacerdotes cultuam uma divindade chamada Oro, que no Brasil ainda é um pouco desconhecida.
No tocante aos espíritos dos antepassados femininos, é muito raro que seja cultuado de forma individualizado, normalmente é cultuado de forma genérica na sociedade secreta das Iya mi, exemplo ìyá mi Osoronga.
Exemplos de culto:
1-      Egúngún, culto de espíritos masculino individual.
2-      Oro culto de espíritos masculino coletivo.
3-      Ìyá mi, culto de espírito feminino coletivo.
Observação: Não confundir com o culto aos Òrìsàs, espíritos divinizados, e com culto no Brasil relacionado às forças da natureza.
Para melhor entendimento, não confundir com caboclos cultuados na Umbanda religião de origem Brasileira, Que definiríamos como uma forma semelhante de cultuar egún, porém com diferenças, pois os espíritos da Umbanda tem ligação com a cultura Banto, indígena, ou oriental.
Obs: Toda a pessoa iniciada òrìsà ou ifá deveria cultuar seus antepassados.

O culto a egúngún propicia equilíbrio, confiança e segurança, além de um elo com inúmeras gerações de antepassados que tem em nós os seus representantes e divulgadores de seus feitos sendo assim nós temos a obrigação de referencia-los.

quinta-feira, 31 de março de 2016

AMULETOS & TALISMÃS YORUBÁ

AMULETOS & TALISMÃS IORUBÁS




AMULETOS & TALISMÃS IORUBÁS


A proteção talismânica


Talismãs denominado no Idioma Iorubá de óndè, e em outras linhagens ìsóra, são objetos mágicos que podem ser usados com a finalidade de proteção na vida diária de um individuo. Pode ser usado com a intenção de opulência e poder, atrair a boa sorte, na vida financeira, assuntos amorosos, familiares e o mais importante de todos, para ter boa saúde. Alguns são de uso permanente, individual e intransferível, enquanto outros são de uso temporários. Suas funções se  sobrepunham em uma extensão considerável, mas a principal função do talismã é atrair influências psíquicas favoráveis, diferente do amuleto que dá um escudo defensivo contra adversidades de todos os tipos, incluindo o ataque de “espíritos malignos” denominados de Ajogun – Os Inimigos dos Homens. Cada um deles representa, portanto, um aspecto distinto da força mítica – o talismã, atrai o positivo, enquanto o amuleto, afasta o negativo.

O Patuá, nome popular dado ao talismã, deve ser confeccionado “sob encomenda”, ou seja, ter em seu interior um aglomerado de substâncias,  afim de agir sobre aquilo que lhe esta destinado a cumprir. Ele deve ser preparado em fase lunar correta, em lugar limpo, isto é, que seja psiquicamente estéril, ou, em outras palavras, absolutamente livre de todas as emanações malignas. Por esse meio o talismã é imbuído de qualidades magnéticas poderosas que atrairão a boa sorte em uma escala sempre em ampliação.

O talismã é um objecto consagrado que traz em si o àse, a força mágica das divindades a quem ele é consagrado. Confeccionados em couro dos mais diversos animais ou em tecidos resistentes ao tempo, em seu interior guarda-se os mais diversos ingredientes, tais como: raízes, folhas, sementes, flores, cascas, favas, ossos, pêlos de diversos animais, penas, sangue seco, terra, areia e minérios. Cada qual com seus ingredientes necessários, cada qual com suas cores e adornos correspondente ao propósito do óndè. Esses objetos mágicos e repleto de miticismo, tem sido empregados desde os tempos mais remotos, nas mais diversas crenças e culturas, em relação a qualquer situação ou atividade que se possa conceber.
 
Mas aonde estão os patuás afro-brasileiros?

Sem medo de equivocar-me, afirmo que estão em poder de poucos iniciados nesse mistério. Alguns religiosos afirmam que estes são dispensáveis, já que acreditam que apenas os ebo e o adimu oferendas, seja suficiente para solucionar os mais diversos problemas do consulente. Entretanto muitos trabalhos exigem a confecção do óndè, pois acredita-se que a oferenda solucione o problema em questão, mas que o patuá irá manter por um longo tempo esta energia positiva. Esse Saber Tradicional a cada dia vem se perdendo, esta sendo descolorado pela distância que existe no fechamento da informação. Quando menciono “Os mais velhos morrem e não divulgam tudo o que sabem, fizeram de travesseiro o seu saber”, isso é algo que deve ser analisado de dois pontos de vista. O primeiro é o awo – o segredo, arma de guarda e defesa, e o segundo, um rigor seletivo na busca de discípulos dignos dos preceitos e fundamentos ritualísticos. Em nossa religião o saber sempre se realiza no real; "quem sabe, não sabe para si nem por si, sabe a partir da necessidade e para os fins". O conhecimento, o entendimento e a sabedoria, são três em um, este conjunto é ao mesmo tempo o segredo, a necessidade e a capacidade de materializar o conhecimento, transmutando mitos em ritos. Quanto mais conhecimento se adquire nesta jornada religiosa, tanto mais será a necessidade de ritos e práticas.

Outro fator a ser observado é a hostilidade da igreja, quando os primeiros eclesiásticos algumas vezes consideravam difícil distinguir entre invocações mágicas que eram proibidas e preces legítimas usadas em conjunção com talismãs e amuletos, e a Inquisição considerou criar um sistema de regras para remediar a situação. Um talismã ou amuleto era proibido se ele incorporasse qualquer intenção ou sugestão de pacto com Deuses e/ou Divindades de nomes desconhecidos, declarações não verdadeiras aos olhos do cristianismo, qualquer outro símbolo que não o Sinal da Cruz, quaisquer frases que não fossem da Bíblia. Finalmente, sua preparação tinha que ser desacompanhada de ritos supersticiosos e tinha que depender inteiramente da generosidade de Deus para sua efetividade. Logo o clero percebeu que não poderia impedir o uso dos patuás pelos negros, que os tiravam antes de entrar nas igrejas, mas voltavam a usá-los ao afastar-se dela. Decidiram, então, substituir os patuás africanos, que traziam seus “ingredientes mágicos”, por outro que trazia orações católicas, medalhas sagradas, agnus dei, etc.

Podemos encontrar os mais variados patuás a venda em lojas de artigos religiosos espalhadas por todo o território nacional, na famosa Feira de São Joaquim ou ainda no Mercado Modelo de Salvador – BA ou mesmo no Mercado da Madureira – RJ. Mas com todo respeito os consideram apenas como um produto comercial, pois fogem do verdadeiro conceito mágico-religioso.

Isso me leva a lembrar de Eduardo Fonseca Júnior, que em sua obra, cito o DICIONÁRIO YORUBÁ (NAGÔ) – PORTUGUÊS, averba a seguinte palavra: óndè – subs. Enfeite costurado no couro e usado pelas pessoas como adorno. Se Fonseca está se referindo aos patuás produzidos em escala industrial, está mais do que correto; mas se tratando do óndè de origem Iorubá, está completamente equivocado. O valor que se paga nesses falsos patuás é ínfimo em comparação aos verdadeiro, é tão irrisório que vale a pena comprar um e abri-lo para se constatar o que há dentro deles “um recorte de jornal”.  
 
Os tipos de talismã


Os  óndè ìdáàbòbò conhecido no dito popular de “patuás de proteção”, podem carregar uma ou múltiplas funções de acordo com a necessidade de cada individuo. Entre eles temos:

lówó èpè, contra maldições;
lówó ibi, contra o mal;
lówó ìjà, contra brigas,
lówó  ìjàmbá, sobreviver sem ferimentos a um acidente de carro; lówó òjijì, contra a morte súbita;
lówó iro pipa momi, contra falsas acusações;
lówó ojúkòkòrò, contra ganância;
lówó olè, contra ladrões;
lówó ogbé, contra ferimentos de faca;
lówó òtá, contra inimigos;
lówó àbìlù, contra trabalhos maléficos;
lówó ejó, contra processos judiciais e
lówó àgbéró àìlù, contra agressões de todos os tipos.

Os óndè citados, são de uso individual e intransferível, pois durante seu preparo será adicionado um pertence do solicitante, deverá ser usado constantemente e conservado pela pessoa se assim desejar que este seja efetivo.

óndè oríire, tem a finalidade de atrair a boa sorte, podem ser de uso pessoal, ou ainda, pendurados atrás da porta de entrada de residências e comércios. Seus ingredientes variam de acordo com a energia que “trás a sorte” para dentro da casa ou do comércio. Sem duvida neste ultimo, na maioria da vezes tem como complemento o àse de Èsù.

óndè àwúre owó níní, por sua vez, são destinado para ganhar dinheiro; jekajèrù – de  forma rápida e ìtajà – para ter sucesso rápido nas vendas. Estes são usados em contato com o corpo, apenas durante a jornada de trabalho; além de ajudar nas vendas tem a função de proteger contra o “mau olhado” de outros colegas de trabalho, que podem inconscientemente invejar seu progresso. Seu conteúdo depende da divindade que proporciona  “caminho financeiro” ao consulente.

óndè òràn – para processos judiciais, que deverá ser utilizado pelo solicitante doze dias antes do julgamento do processo e despachado somente após ser dado o veredito. Este tipo de patuá é um complemento dos trabalhos realizados nos caminhos de Sàngó e a esta divindade somente se pede aquilo que lhe é de direito, não serve para indivíduos que vivem a margem da sociedade; estes tem que “contar com a sorte” dos afòràn – trabalhos para escapar de processos na justiça.

óndè àwúre ìféràn – para obter exito na vida amorosa, conseguir um relacionamento firme e duradouro. Existem várias pessoas que tem dificuldade de encontrar a sua “outra metade” e muitos consulentes procuram nossa religião com o intuito de sanar este tipo de problema que em muitos casos, causam transtornos. De imediato não se sabe a que momento este deverá ser despachado; pode ser antes ou depois do casamento. Dentro deste deverá conter o àse da divindade que dá “caminho sentimental” do consulente e nunca deverá conter o nome de um casal, aqui não se trata de “trabalhos de amarração”

óndè ìbímo – são amplamente utilizados nos trabalhos para facilitar a concepção – ìmú obìrin l'óyún, de mulheres com problemas para engravidar; em muitos casos são usados para assegurar a gravidez ou evitar o aborto espontâneo – ìmú óyún dúró, do qual este deverá ser amarrado na cintura da gestante e para que o parto seja fácil – àwèbí. Este tipo de patuá é utilizado como um complemento dos complexos trabalhos ligados à Ìyámi Òsòròngà – Òsun – Yemojá – Òrìsà-nlá as divindades da fertilidade e que são propícios a darem  filhos aos seres humanos. Depois de alcançar o que se desejou, enterra-se em um pé de árvore frutífera, cujo o tronco não se consiga abraçar. Dentro deste grupo, temos o  óndè agbo omodé – que servem de proteção para a saúde da criança. Este tipo de patuá não se despacha, até que a criança atinja a adolescência e durante este período a mesma não pode estar ciente do que se trata tal objeto.

óndè ìségun òtá – para ter vitória sobre os inimigos ocultos e declarados. São confeccionados para pessoas vitimas de perseguições e seus elementos estão ligados as divindades que carregam espadas.

óndè ìlera – para ter boa saúde, um do mais preciosos talismã, pois com saúde, teremos força para a labuta e os “caminhos da vida”. Destinado as pessoas com a saúde frágil ou debilitada e quando acamadas, pendura-se na cabeceira da cama um óndè fun aláàrè que tem como objetivo afastar o mal de um doente. Várias divindades dão “caminhos a boa saúde”, por mais incrível que possa parecer até mesmo Nã Buku.

Temos ainda o mais elaborado de todos: o  óndè  àìkú – para evitar a morte prematura; entretanto quando menciono “morte prematura” estou me referindo aquele esta desviado de seu verdadeiro destino, pois “quando Ikú chegar, não haverá médico para lhe curar nem advogado para lhe defender”. Um patuá muito conhecido entre o povo-de-santo para esta finalidade é o colar confeccionado em trança de palha-da-costa, no comprimento acima do umbigo e com um ìkódíde em cada extremidade. Após verificar no oráculo que o consulente não se encontra mais no “caminho da morte”, este patuá deverá ser despacho cerimonialmente por aquele que o preparou.

Na verdade, a procura do patuá ou talismã é feita principalmente por quem se sente inseguro e conseqüentemente necessitado de maior proteção. Por sua vez, o talismã não tem somente o poder de preservar o bem-estar físico e mental de quem o usa, mas ajuda a reforçar as energias psíquicas dos onísègun – médicos da Medicina Tradicional Iorubá.
 
Os amuletos e suas propriedades
 
O amuleto tem um papel grandemente defensivo, sendo algumas vezes prescrito como um “feitiço passivo”, uma vez que é designado principalmente para proteger quem o usa contra a desgraças ou malefícios. Dentro da Cultura Ioruba ele se apresenta de várias formas: em fios de contas, pedras, corais, búzios, palha-da-costa, pulseiras de marfim, ossos de animais e nos mais variáveis metais. Os elementos do amuleto têm que corresponder com a Divindade Tutelar que protege aquele que se submete a usar está proteção mágico-religiosa, receber o àse do reino animal, vegetal e mineral. Muitas vezes entre os citados, poderemos incluir os amuletos confeccionados com pontas de chifres dos mais diversos animais, dos quais carregam em seu interior um segredo. Os fios de contas denominados em Iorubá de ìleke, merecem um estudo a parte, principalmente em relação a “cerimonia de lavagem das contas”.

segunda-feira, 28 de março de 2016

Ìfę Àtinùwa

ÌFẸ ÀTINÙWA – O Livre Arbítrio e KÀDÁRÀ – O Destino.


O Livre arbítrio é o poder que cada indivíduo tem de escolher suas ações, que caminho quer seguir. possibilidade de decidir, escolher em função da própria vontade, isenta de qualquer condicionamento, motivo ou causa determinante. A expressão é utilizada quase que universalmente por diversas religiões. Entretanto, o real significado de livre arbítrio não tem apenas sentido religioso, e sim psicológicos, morais e científicos. A definição e conceito de livre arbítrio para muitas pessoas, significa “ter liberdade”, e muitas vezes, esse termo se confunde com desrespeito e falta de educação para com o seu próximo. Em minha opinião, “cada um realmente tem o direito de fazer o que bem entender com a sua vida e decidir qual caminho a seguir, mas desde que não prejudique absolutamente ninguém”.

Embora o Livre arbítrio seja um direito do Ser Humano, seria como se fosse uma “disputa acirrada” entre o Ìfẹ Àtiniwá – a escolha de seu caminho na Terra em contrapartida com Kàdárà – a escolha de seu destino no Céu. Para cada escolha que fazemos na vida sempre existirá uma consequência, seja ela boa ou ruim. É como a lei da ação e reação. Para cada escolha (ação) uma consequência (reação). É a Lei da Vida. Para um melhor entendimento, vejamos a seguinte explicação, do Homem e a escolha do destino:

Dentro da filosofia de nossa religião, todas as ações do Homem nesse mundo, são predestinadas por Olódùmarè, determinadas de três formas ritualísticas e presenciadas por Ọrúnmìlà – A Testemunha do Destino.

Primeiro, ajoelha-se perante Olódùmarè e escolhe o seu destino. Esse ato é denominado de Àkùnlẹ yàn – Aquele que se ajoelha e escolhe. Após esse, o indivíduo se levanta e curva-se perante o Deus Supremo.
Segundo, ajoelha-se novamente e recebe o seu destino, que é denominado de Àkùnlẹ gbà – Aquele que se ajoelha e recebe. Novamente, se levanta e curva-se.
O Terceiro e ultimo ato, ajoelha-se e o destino lhe é fixado, ou seja, determinado. Essa forma é denominada de À yàn mọ – Aquele que escolhe e determina o destino de alguém. Então a pessoa se levanta e inicia a sua caminhada para o mundo terreno, com seu destino duplamente selado.

O que quer que Olódùmarè lhe tenha confiado por sua livre escolha e não induzido, é inalterável e se forma parte integrante da pessoa para o resto de sua jornada de vida na Terra.

Como disse anteriormente, todo esse ritual é “assistido” por Ọrúnmìlà, que se torna testemunha do que se está sendo determinado. Por essa razão as nuances deste destino podem ser acompanhadas, pelo Oráculo Sagrado de Ọrúnmìlà-Ifá e com a possibilidade de reajustar através do subterfúgios das oferendas e sacrifícios, aquilo que se encontra em dissonância com o que foi determinado.

Para a filosofia, o livre arbítrio tem origem no "determinismo", que defende que todos os acontecimentos são causados por fatos anteriores. Para a ciência da filosofia, o indivíduo faz exatamente aquilo que tinha de fazer, seus atos são inerentes a sua vontade, e ocorrem com a força de outras causas, internas ou externas.

Nosso destino realmente depende de nossas escolhas? Temos o destino que merecemos? O nosso destino está de acordo com nossos méritos? Viver livremente sem culpas é a primeira coisa que o homem deve procurar fazer se quiser realmente ser dono do seu destino? Ainda há muito o que pensar e rever conceitos, que a séculos intriga a religiosos, filósofos e pensadores