SÒPÒNNÁ
Uma das quatro principais divindades ligadas diretamente ao Igba Odù Iwa– A Cabaça da Existência dos Odu . Entre os nagô-iorubá Sòpònná é
temível e perigoso, divindade das epidemias, sobretudo a varíola, sua
maior arma de punição aos malfeitores e aqueles que o desrespeitam. As
altas temperaturas corpórea, seguidas de delírios, causados pela
infecção das doenças contagiosas, não são mais do que sintomas da ira
de Sòpònná contra sua vitima. Quando temos alguma razão para pensar que um enfermo esteja sob a manifestação maléfica de Sòpònná é descrito de Ilègbóná – Varíola; Ìgbóná – Febre ou até mesmo Ilè gbígbóná – Terra
quente, ou seja, “a terra aonde o enfermo encontrasse está
demasiadamente quente” é a presença do Deus da Varíola e precisa ser
apaziguado. Neste caso os iorubás não pronunciam mais o nome Ilè gbígbóná e sim empregam um eufemismo e dizem exatamente o contrário Ilè Tutu –
O solo está frio, vertendo água de dentro para fora da casa.
Terrivelmente temido, seu nome não deve ser pronunciado, sobre tudo
perante aos enfermos, quando invocado é mais indicado usar nomes com
expressões adulatórias, como: Obalùàiyé – Rei e Senhor da terra; Olùàiyé – Senhor da terra ouOloòde – Senhor dos espaços abertos. Quando um enfermo padece de qualquer doença contagiosa e se crê que a causa seja Sòpònná os iorubás descrevem a situação em términos de profundo respeito a divindade. Eles dizem Ó n sin Oba – Ele está sob a vontade do Rei; Ilè gbígbóná n bá a jà – A terra quente há posto sua mão sobre ele ou a terra quente o está afetando; Ó gb' ofá ou Ofá bà á – Ele atinge sua vítima como uma flecha ou Ele foi atingido por uma flecha. Sòpònná é descrito comoAlápó – Alguém que maneja o temor e quando um enfermo morre como resultado de sua aflições, usualmente não se diz Ó kú – Ele morreu, se diz Oba mú nló – O reio o levou ou ainda Ilè gbígbóná gbé e ló – A terra quente o levou. Os mitos relatam que em dia de sol escaldante, em especial ao meio-dia, Sòpònná está
vagando por todos os lugares e comumente se alerta a não usar o
vermelho ao “sol a pino” correndo o risco de insulta-lo, do qual teriam
sérias conseqüências. Deve-se ter cuidado, especialmente durante a
temporada de seca, de não fazer nada que o ofenda, A sòroó pè léèrùn –
Alguem cujo o nome não é propicio se chamar durante a época de seca. Os
antigos entendem desta forma porque as maiorias das epidemias de
varíola foram constatadas em épocas de seca, além de que os iorubás
crêem que Sòpònná esta particularmente ativo em épocas de seca. Sòpònná é
considerado feroz e muitas vezes implacável, então não insultá-lo é a
melhor prevenção de não ser molestado por uma divindade tão perigosa.Sòpònná é
a única divindade de que sua vontade, qualquer que seja sua
manifestação, deve ser aceita, não somente com resignação senão com uma
manifestação de prazer e gratidão. Por exemplo, os parentes de alguém
que morre de varíola não deve se lamentar o mostrar que choram pela
morte de um ente querido. Em vez disto eles devem estar alegres e
felizes e mostrar que estão amplamente agradecidos pela atitude do Rei
da Terra. Assim, Sòpònná é conhecido por Alápadúpé – Alguém que mata e se agradece por isso.
Sob
seu absoluto domínio está a crosta terrestre; o solo onde o homem
habita, constrói, cultiva e deposita seu cadáver após a morte; ele nutre
os homens dando-lhes o milho e outros grãos do solo mas também os pune
fazendo com que, através de suas peles, saiam os “grãos” que eles
comeram. Filho primogênito de Nã Buku ou mais conhecida no Panteão Iorubá de NãNã Buruku. Seu maior companheiro, um ancestral denominado de Ãle que
habita o lado de fora de sua casa; nada o faz sem antes prestar
reverencia a ele; seu nome não deve ser pronunciado após o pôr do sol.
Na crença iorubá Sòpònná é a “Destruição que surgiu em uma noite”
A ecasses de informações sobre a origem do culto o mantém na
obscuridade. Isso ocorreu devido ao fato deste culto ser de caráter
reservado e em épocas remotas era proibido falar sobre o assunto.
Acreditasse que se trata de uma divindade estrangeira, agregada ao
Panteão dos Iorubás ou do retorno de origem iorubá longínqua, levadas
por uma das inúmeras migrações em direção ao oeste da Nigéria e imigrações ao país vizinho aRepublica Federal do Benim, antigo Dahomé. Ao pouco que se sabe, os antigos iorubás citam que Sòpònná teria vindo do território Fon e outros que tenha retornado a suas terras de origem, o território Iorubá... Na Cidade de Ketou há divergência de opiniões quanto a origem de Sòpònná... alguns acreditam que tenha vindo a Ketou de Dassa Zoumé, segundo alguns, de Adja Popo, segundo outros, de Aise e uma terceira opinião de Holi...
Para um melhor esclarecimento, a maioria dos estudiosos afirmam que o
Culto ao Deus da Varíola, tenha sido oriundo do Leste Iorubá... Fato
este que poderíamos perfeitamente perguntar: Teria Sòpònná imigrado para o antigo Dahomé ou Sakpata imigrado para a antiga Nigéria ?Para um melhor entendimento, deveremos saber que no antigo Dahomé, existe uma divindade no Panteão Ewe Fon, denominada de Sakpata, o Vodun da Varíola... A etnia Ewe Fon e conhecida popularmente no Brasilpelo término Jeje e em Cuba por Arara... Da mesma forma que Soponná seu nome não pode ser pronunciado, seus adeptos o preferem chamá-lo de Ayinon “O dono da terra”... Sakpata pertence a primeira linhagem da família de Nyohwe Ananu umaVodun que possui característica idênticas as de NãNã Buruku... Os nomes mais conhecidos de Sakpata no Novo Mundo são Azontunu e Avimage... Segundo reza a tradição, um grupo expedicionários da região de Savalou que estavam ao norte do antigo Dahomé, encontraram os Kadjanu (nagôs vindos da região de Badagris) emDamé, as margens do rio Wèmé, os quais o seguiram até Savalou, levando com eles sua divindade protetora dos quais denominaram em língua Fon de Sakpata Agbosu... Em Savé, afirma-se que Sòpònná teria vindo do reino de Oyo... Essa remota origemnagô-iorubá é sublinhada pelo fato de que os Vodunsi (iniciados) de Sakpata são denominados Anagonu, que significa forasteiro de onde se originou a corruptela nagô... Em Dassa Zoumé, Soponná é conhecido por Sakpata... Os Sakpatanon grã-sacerdotes do Culto à Sakpata tinham
uma grande influência sobre os realeza, porém, os reis jamais tiveram
muita estima pelos sacerdotes desse culto... o mesmo culto passou por
momentos de aceitação e reprovação; foi restabelecido por várias vezes e
em seguida proscrito formalmente, pelo soberanos do reino do Dahomé... da mesma forma que os Oluwo Ipopo, os Sakpatanon foram mortos e muitos expulsos do território do Benim...A Medicina Tradicional de se curar a varíola denominado de Èro ouOògùn Sòpònná era conhecido, entre os iorubás, unicamente pelos sacerdotes deSòpònná,
que fizeram dele grande comércio e elevaram a varíola à posição de uma
divindade temível. Na qualidade de representantes do “senhor e rei da
terra”, os corpos e os bens das vítimas pertenciam de direito aos
sacerdotes de Sòpònná. Esses sacerdotes mantinham em suas casas,
cabaças com parte do cadáveres da vítima da varíola, tais como um braço
ou pé; potes contendo um líquido escuro, feito com a água extraída do
cadáver ou da água que serviu para lavar o corpo, enquanto a pessoa
estava viva; recipientes com um pó escuro, proveniente das escamações
secas, deixadas pela varíola. Essa água ou esse pó eram jogados, durante
a noite, na frente da casa das pessoas a quem se quer infectar. Os
moradores ao saírem de casa, entravam em contato com os germes. Assim
que uma ou mais pessoas da família se contaminasse, a erupção da pele
aparece e um sacerdote de Sòpònná é convocado. Durante o tratamento Èbè – súplicas, preces eram constantemente recitadas com a finalidade de propiciar e apaziguar a fúria de Sòpònná. De
dez sacerdotes do culto, nove ajudam mais a desenvolver a doença do que
interrompê-la. Era de seu interesse agir assim, além de grandes somas
que recebem, eles reivindicam todos os bens do doente, caso esse venha a
falecer. Esses sacerdotes inescrupulosos, retiravam os cadáveres da
casa, mas não o enterravam no bosque com de costume, a não ser joga-los
no mato, onde os porcos os comiam e, algumas vezes, os pedaços do corpo
eram levados para as aldeias vizinhas, contribuindo para espalhar o mal.
Assim os sacerdotes faziam negócios muito lucrativos. Os sacerdotes que
procediam de maneira correta, conduzia o enfermo ao templo de Sòpònná e lá os sacerdotes os lavam com areia-de-praia quente e remédios secretos.
continua......
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