SAKPATÁ
Direito da foto Samuel Abrantes

As
cores de contas e roupas usadas por esses Voduns podem variar de acordo
com o gosto de cada um. Todos usam roupas feitas de palha da costa
sendo umas mais curtas e outras mais compridas. Sakpatá usa todas as
cores e o estampado, sempre com a presença das cores escuras.
Símbolo
fortemente ligado a Sakpatá, a palha da costa é a fibra da ráfia,
obtida de palmas novas, extraídas de uma palmeira cujo nome científico é
Raphia vinifera. No Brasil, recebe o nome de Jupati. A palmeira é
considerada a "esteira da Terra". A palha da costa, tendo sua origem
na palmeira, ganha o simbolismo universal de ascensão, de
regenerescência e da certeza da imortalidade da alma e da ressurreição
dos mortos. Um símbolo da alma. Além de proteger a vulnerabilidade do
iniciado, sua utilização também é reservada aos deuses ancestrais, numa
reafirmação de sua ancestralidade, eternização e transcendência.

(Direito da foto Samuel Abrantes)
O búzio, simboliza a origem da manifestação, o que é confirmado pela sua relação com as águas e seu desenvolvimento espiralóide a partir de um ponto central. Simboliza as grandes viagens, as grandes evoluções, interiores e exteriores.
Todos gostam muito de usar búzios e chaorôs (guizos).
É
associado as divindades ctonianas, deuses do interior da terra. Por
extensão, o búzio simboliza o mundo subterrâneo e suas divindades.

Universalmente, tem um poder de exorcismo e de purificação, afasta as influências malignas ou, pelo menos, adverte da sua aproximação. Sem dúvida, simboliza o apelo divino ao estudo da lei, a obediência à palavra divina, sempre uma comunicação entre o céu e a terra, tendo também o poder de entrar em relação com o mundo subterrâneo.
O
lakidibá, fio de conta de Sakpatá, é feito do chifre do búfalo. Tem o
sentido de eminência, de elevação, símbolo de poder, um emblema divino.
Ele evoca o prestígio da força vital, da criação periódica, da vida
inesgotável, da
fecundidade.
Devemos lembrar que chifre, em hebraico "querem", quer dizer, ao mesmo
tempo, chifre, poder e força. O lakidibá não sugere apenas a potência, é
a própria imagem do poder que Sakpatá tem sobre a vida e a morte. Na
conjunção do lakidibá e do deus Sakpatá, descobrimos um processo de
anexação da potência, da exaltação, da força, das quatro direções do
espaço, da ambivalência. Encontramos o lakidibá em duas cores: preto e
branco. Ele também contém a bondade, a calma, a força, a capacidade de
trabalho e de sacrifício pacífica do chifre do búfalo, de onde
origina-se. Rústico, pesado e selvagem, o búfalo é também considerado
divindade da morte, um significado de ordem espiritual, um animal
sagrado. Na África, o búfalo (assim como o boi), é considerado um animal
sagrado, oferecido em sacrifício, ligado a todos os ritos de lavoura e
fecundação da
terra. O lakidibá é entregue ao adepto somente na obrigação de sete anos.
Presença
certa em tudo ligado a Sakpatá, o duburu (pipoca) representaria as
doenças de pele eruptivas, cujo aspecto lembra os grãos se abrindo.
Jogar o duburu assumi o valor e o aspecto de uma oferenda, destreza e
resistência. O ato de jogar se mostra sempre , de modo consciente ou
inconsciente, como uma das formas de diálogo do homem com o invisível.
Tem por alvo firmar uma atmosfera sagrada e restabelecer a ordem
habitual das coisas, é fundamentalmente um símbolo de luta, contra a
morte, contra os elementos hostis, contra si mesmo.
Os
narrunos (sacrifícios) para esses Voduns devem sempre ser feitos com o
sol forte e cada um deles especifica o que querem comer. Isso quer dizer
que, não existe uma única maneira de agradá-los. Eles não gostam de
barulho de fogos de artifícios. Uma vez por ano, os Kwes fazem um
banquete para as Divindades do Panteão de Sakpatá, onde devemos comer,
dançar e cantar junto com os Voduns. Os demais Voduns do panteão da
terra, sempre são convidados a compartilhar desse banquete. Os jejes
acreditam que, com essa cerimônia oferecida a essas divindades, todas as
doenças são despachadas do caminho do Kwe e de seus filhos.
Esse
banquete é colocado dentro do peji ou do quarto onde mora Sakpatá e os
demais Voduns de seu panteão. Toda a comunidade vêm saudar o Deus da
varíola e seus descendentes, comer e dançar junto com eles e, ali mesmo,
é servido o banquete para todos os presentes. Após essa cerimônia,
Sakpatá e os demais Voduns, vestem suas roupas de festa e vão para a
Sala (barracão) comemorarem seu grande dia, junto com a comunidade que
os aguardam. Quando entram na Sala, todos gritam louvores à eles, dançam
e cantam, louvando o Deus da varíola, que traz a cura de todas as
doenças.
Suas
danças e cânticos lembram sempre os doentes, as doenças e a cura das
mesmas. Algumas falam das lutas que esses Voduns enfrentaram com a
rejeição das comunidades com sua presença e outras falam das vitórias
que tiveram sobre todas as comunidades que a eles vieram pedir ajuda.
Os
Sakpatás trabalham muito e têm um interessantíssimo papel nas feituras
de Voduns. Do início ao fim de uma ahama (barco de yaô), eles atuam com
rigidez e vigor, mantendo o bom andamento, principalmente dos bons
costumes morais e, cobram "feio" caso alguém cometa alguma falha. Eles
são, na verdade, as testemunhas de uma feitura. Após a feitura, se um
filho negar alguma coisa que tenha sido feita, eles são os primeiros a
cobrarem desse vodunci a mentira que ele está dizendo, assim como também
cobram a quebra de segredos.
Todas as folhas refrescantes para ferimentos, pertencem a esses Voduns.
Vale
alertar que existem Orixás e Inkices também ligados a cura e doenças
porém, não são os mesmos deuses que os Voduns da família Dambirá, da
nação Jeje. Muitas confusões são feitas e, encontramos várias
bibliografias relatando origens, especificações e costumes que nada têm a
ver com o Vodum Sakpatá.
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